“— Eles aí vêm: não há tempo a perder! Se morrermos, todos os nossos corpos carão marcando a fronteira da
Pátria. Pelas nossas ossadas e pelas cinzas das nossas cabanas, os que vierem mais tarde conhecerão o limite
do Brasil. Vamos! Falta-nos uma bandeira; temos, porém, o céu, o grande céu; e o choro assustado de
nossos filhos excita-nos mais do que os clarins de guerra. Vamos!
— Vamos! — bradou o sertanejo, correndo a buscar a
sua arma de caça.
Quando luziu a madrugada formosa, todos os homens do povoado estavam de pé, de arma em punho,
entrincheirados, esperando o invasor.
As mulheres intrépidas, que não haviam querido deixar os maridos, apertavam ao colo os lhos que dormiam, e
todos os olhos estavam cravados no caminho onde deviam aparecer os estrangeiros.
Era quase meio dia, o sol abrasava, quando os primeiros soldados surgiram tranqüilamente, pisando com
orgulho a terra que julgavam abandonada: á frente caminhava o ocial garboso, fazendo brilhar ao sol a
espada nua. Mas um grito atroou: — “Viva o Brasil!” — e logo uma descarga retumbou no silencio. Os invasores,
surpreendidos, recuaram: eram em numero muito superior ao dos que defendiam a terra natal, posto que
cinco d’eles já escabujassem no solo alcançados pelas balas certeiras dos sertanejos.”