A alma de uma cidade está presente nas paredes de seus prédios mais antigos, nos caminhos ensaibrados dos parques e praças, nas peças da arte pública que constróem nova magia nos locais que ocupam. Esta alma, a que também podemos chamar de identidadr, não restringe aos bens materiais da cidade. Ela também está presente na oralidade dos falares, nas letras e músicas dos nossos compositores, nas páginas criadas pelos escritores e poetas. Pensando a cidade desta maneira, a Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre tem buscado o resgate e a ressignificação não apenas dos bens arquitetônicos e artísticos que marcam a capital dos gaúchos, mas também daquela memória e daquela identidade - a nossa alma urbana - presentes na literatura.
O volume que agora está em suas mãos é mais uma cincretização desta proposta. Aqui está presente a Porto Alegre vista pela nossa primeira poetiza - Rita Barém de Melo, em versos de 1868, até a Porto Alegre irônica de Luis Fernando Verissimo e Caio Fernando Abreu. E mais, a professora Zilá Bernd e sua equipe de organizadores não previlegiaram apenas os escritores consagrados, mas aqueles que utilizam a língua na maneira descompromissada com os parâmetros eruditos, respresentados na seleção, por exemplo, por um texto de meninos de rua, na sua convivência dura com a cidade e com a língua.
Se a língua é a nossa memória viva, na literatura estão as marcas da nossa alma porto-alegrense.