Este ensaio pode parecer, à primeira vista, mero exercício de história militar, focalizando um episódio bélico da Revolução Farroupilha. Mas é indiscutível que ele transcende esses estreitos limites, para tratar dos reflexos do sitio de Porto Alegre (1536-1840) sobre o cotidiano dos porto-alegrenses, as angústias do desabastecimento, a carestia de gêneros e as dificuldades de comunicação.
Capítulo mal-conhecido e pouco estudado da guerra civil de 1835-45, o cerco farroupilha estrangulou a expansão urbana durante quatro anos, marcando negativamente a evolução da capital gaúcha.
O autor; além de valer-se da bibliografia tradicional e das fontes documentais dos arquivos públicos, garimpou, nas gavetas da Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, desconhecidos apontamentos de particulares que lhe forneceram; sobre o episódio do sítio e seus intervalos, informações preciosas.
Porto Alegre Sitiada, além de um capítulo de história factual urbana, é retrato do cotidiano porto-alegrense entre 1836 e 1840. De resto, é exemplo de pesquisa histórica rigorosamente estribada em documentos, imune ás fantasias e aos mitos tão freqüentes na historiografia referente ao ciclo farroupilha.