O que há de mais profundo no homem é a pele, escreveu Paul Valéry. Tão paradoxal quanto esta afirmação parece, a pele é a um só tempo interior e exterior, toca e é tocada, membrana de trânsito e trocas, fluxo de sensações e afetos, meio de comunicação que não se satisfaz em ser apenas um mero invólucro ou embalagem, mas que se prolonga indefinidamente no interior do corpo. Tal caráter paradoxal é explorado por Fernando Rocha no presente livro, em que a pele se apresenta enquanto casca que protege o ser do mundo, mas é também limite a ser transgredido para o alcance da plena e efetiva experiência do sujeito neste mundo.
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