Vocês já devem estar cansados de saber o quanto gosto de poesia. Quando recebi o convite para ler A Alquimia da tempestade, não pensei duas vezes e resolvi conhecer a escrita do autor.
Neste livro não estamos diante de uma obra de ficção, segundo o autor, trata-se de uma quase-biografia poética. Contemplamos desde o Romantismo até o clássico Árcade. Ainda somos brindados com uma homenagem aos dois amores do soneto 144 de Shakespeare.
O autor nos mostra que conhece do que escreve, apresenta-nos de forma pura e toca-nos com as palavras bem encaixadas, ora com rimas, ora sem elas. Porém, sempre primando para nos carregar em suas emoções veementes.
Como diz o autor, o princípio exala ingenuidade, com o erotismo pueril de se comparar os cabelos da musa com “ondas negras”, ele ainda trata como “rosa mais formosa”. Temos em sua obra amor, paixão sem limites, dor, tristeza e diversos sentimentos, e a solução apresentada por Ducci parece inusitada: desistir do amor mundano, e buscar ser o “anjo em vida” de sua amada. Pode parecer um pouco estranho, por isso o “inusitado”. Há quem defenda, há quem discorde e há quem fique neutro no assunto.
Não há muito o que falar e nem se aprofundar, as poesias por si só já dão conta do recado. Não conhecia o autor e confesso que me surpreendi.
O que me incomodou um pouco foi a capa, achei bem simples e nada chamativa. A diagramação segue um padrão simples e sem adereços. Para quem curte o gênero, certamente vai adentrar num tipo de poesia diferente do habitual, mas bem escrito.
Quotes:
“Nessa corrente de tolos,
grilhões não me prendem;
só afetam gente fútil.
Eu poderia ser um deles,
mas prefiro ser um pária.” (p. 26)
“Mas nem ela
nem ninguém
leem a gente
[...]
Mas só dois ou três
(de nós) ainda
leem poesia” (p. 32)