Djeison.Hoerlle 31/05/2020
Vale um lugar na estante.
A obra surgiu de um desejo de Zdarsky em revisitar a história do Aranha, reorganizando alguns furos da cronologia e roteiro, o que é totalmente nobre da parte do autor, tendo em vista que absolutamente nenhum fã engole certos aspectos da sua história.
Entretanto, apesar da boa intenção do projeto. Zdarsky pecou em alguns pontos de sua execução, como por exemplo ter se estendido demais em interações com outros heróis. Reed Richards por exemplo, tem mais falas na HQ do que a tia May, assim como Stark e Rodgers.
Os relacionamentos de Peter acabam soando um tanto rasos, e o próprio personagem tem uma roupagem que me desagradou um pouco, um ar mais petulante, por assim dizer.
Fora isso, algumas decisões ruins de roteiro poderiam facilmente ter colocado em cheque a qualidade da obra, como a insistência na saga do clone, que era o ponto da biografia do Cabeça de Teia que mais necessitava de uma repaginada. Ela ocorreu, de fato, mas continuou igualmente péssima ou até pior.
Entretanto, a HQ não foi uma consolidação de péssimas decisões. Na verdade, Zdarsky fez alguns excelentes acertos como deixar Otto no cargo de arqui-rival ao invés do Duende. Além do mais, toda a carga dramática da história original foi preservada e repaginada, dando um novo fôlego pra o personagem, sem precisar mostrar a morte do tio Ben novamente.
O último capítulo, o qual eu esperava ser o pior de todos os arcos, tendo em vista a abordagem de um Peter velho que destoa demais do amigão da vizinhança, foi uma agradável surpresa! Amarrou não apenas a saga do Homem Aranha Superior, como ainda encontrou espaço para um embate com o Sexteto Sinistro, Aranhaverso, conselhos da Tia May e uma referência à melhor cena do Homem Aranha no cinema. Sim, eu to falando da cena do trem no segundo filme do Raimi. Isso tudo sem falar na arte que é sensacional. Talvez a coloração seja um pouquinho saturada demais, mas não atrapalha de forma alguma.
Concluindo, meu erro foi, no auge do meu fanatismo pelo Miranha, tentar antecipar as escolhas que o autor faria para a história ao invés de me deixar surpreender. Mas ainda assim, me fiquei muito mais feliz do que decepcionado. Vale um lugarzinho na sua estante.