Rodrigo 30/08/2023
Começa bem e então é só ladeira abaixo
O início da história é intrigante e te prende por muitas horas de leitura com facilidade. O mundo de dorohedoro é bem diferente de tudo que você já viu e a curiosidade de entender um pouco mais sobre ele faz com que a gente se encante pela obra no início.
O conceito de como a magia é usada, a relação de humanos e magos é igualmente interessante, e acompanhando esse conjunto de boas apresentações, temos o protagonista com um mistério que é responsável por nos fazer ficar vidrados na obra por muitos volumes.
A história também rapidamente se mostra violenta e sem piedade. Não que seja algo positivo, mas é sempre interessante ver como isso vai ser empregado na obra, e dentro do contexto que nos é apresentado no início, fica aparente que a soma de tudo isso vai dar uma boa história.
Infelizmente, não é o que acontece...
Depois que você se acostuma com o mundo e os personagens, o encanto inicial precisa ser substituído por uma história que faça valer o nosso tempo, e não é o que dorohedoro faz.
Essa é uma história quase completamente sem consequências. Há dezenas de personagens descartáveis e que as vezes até a própria autora esquece que existe, outros são um empecilho tão grande que constamente a história arranja desculpas para anular e justificar o sumiço daquele personagem por vários capítulos, as vezes volumes.
A violência e a impiedade do início logo da lugar a um uso extremamente cansativo desse tipo de narrativa. TODOS os personagens em algum momento vai perder algum membro, morrer, se perder, ser possuído, ser esquartejado e as vezes até decapitado, só para que em alguns capítulos a magia recupere 100% tudo que esse personagem perdeu.
Você vai ficar boquiaberto a primeira vez que ver algum dos personagens principais ser esquartejado de forma bizarra, mas isso vai perdendo a força quando você percebe que até o fim da obra todos vão passar pelo mesmo umas 3 a 5 vezes só para que no capítulo seguinte ele se recupere completamente. A magia da obra é capaz até de ressuscitar os personagens, então apesar de violento, em pouco tempo você passa a deixar de ficar aflito pelos acontecimentos, pois eles não vão ter consequências reais.
No início você pode ser levado a acreditar que essa é uma obra um pouco mais seria, mas não acredite nisso. Até o volume final há uso de piadas que dá vergonha de ser visto lendo.
Há diversos personagens na obra e muitos deles praticamente não tem função. Não se assuste se você terminar a história e ficar se perguntando afinal o que aqueles personagens fizeram durante toda a história além de ficar só vagando pelos volumes.
Eu não gosto de Ecchi, o que é muito forte aqui nessa obra, mas em meio a uma leitura tão cansativa, recheada de personagens pouco expressivos com praticamente nenhum momento memorável e sem nenhum sentimento de consequência real, até eu fiquei surpreendido em como o meu desgosto pelo Ecchi me incomodou bem pouco aqui.
É uma obra que tinha potencial, com um universo muito interessante e o plot final bem competente. Mas que se perde em um verdadeiro mar de inconsistências e irrelevância.