Paulo 25/06/2021
Os Ômega Men faz parte da iniciativa DC You, que em 2015 apresentou novamente aos leitores os "Ômega Men", um grupo terrorista em uma "guerra santa" espacial. A história se passa no Sistema Vega (local onde os Guardiões de Oa não possuem poder, e os Lanternas não tem jurisdição para agir), mas Kyle Rayner (o Lanterna Branco), sabendo de todas as barbáries que ocorre lá, tenta numa missão pacífica encontrar um ponto em comum, uma solução. Infelizmente ele acaba capturado, e sendo obrigado a fazer parte deste grupo.
A abordagem de Tom King em Ômega Men me remete muito a space operas como Star Wars. Aliás, Star Wars é uma excelente referência para você saber o que esperar da experiência de leitura com Ômega Men: uma história que enfatiza a aventura e o drama vivido pelos personagens, a ação político/militar, a tomada de riscos e as batalhas interplanetárias, tudo isso em um universo ricamente construído cuja história e os personagens são notoriamente alegorias aos sistemas políticos e aos problemas enfrentados no mundo real. Em Ômega Men, especificamente, aos conflitos no Oriente Médio. Seria o Lanterna Branco uma representação da ONU? O planeta Euphorix uma alusão à Israel? E a Cidadela? Há de se destacar que nenhuma dessas questões é profundamente discutida, portanto não espere uma ficção científica política. Mas elas estão lá, e entre cenas de batalha e momentos de suspense, você irá identificar diálogos e situações que o farão refletir sobre o cenário geopolítico moderno. Além disso, a trama é instigante e você não vai conseguir parar de ler: afinal, por que os Ômega Men precisam do Lanterna Branco? E quais são as suas verdadeiras intenções? Qual o plano secreto, capaz de derrotar a poderosa Cidadela?
Porém, apesar da comparação com Star Wars, há de se chamar atenção para o fato de que este definitivamente não é um gibi pra se ler de maneira casual, pois Tom King não faz a menor questão de escrever a revista de maneira “mastigada”. Tom King o convida para um mundo com pouca exposição e o faz trabalhar para descobrir coisas, jogando conceitos, linguagem e maneirismos dos personagens na sua cara logo nas primeiras páginas. Além disso, a intenção dos personagens não é muito clara a princípio. Assim, ao ler pela primeira vez, você demora um pouco para entender o que está acontecendo. Mas na medida que a trama se desenrola, você provavelmente vai começar a identificar um pouco das personalidades e das camadas narrativas. Pode não ser uma leitura fácil a princípio, mas você com certeza vai querer ler mais de uma vez.
E apesar de ser uma história em quadrinhos que emana do universo Lanterna Verde, é um quadrinho autocontido, que não depende de conhecimento prévio.
No fim, só é uma pena que, pelo menos neste primeiro volume, o roteiro peque um pouco ao vilanizar demais a Cidadela, facilitando o nosso alinhamento com os Ômega Men. Ao colocar um suposto grupo terrorista como protagonista, o roteiro deveria se aprofundar um pouco mais nas motivações de métodos tão extremistas, que vão além de combater um governo tirano, e não apenas nos jogar dentro deste contexto, como se já soubéssemos de tais motivações e as tivéssemos comprado. Mas como esta é apenas a primeira metade da história, vou considerar que isto será melhor desenvolvido no próximo volume.