Mr.Sandman 31/01/2024
Me beije de língua e chore por mim
O terceiro volume de Chainsaw Man continua bastante intrigante e com um ritmo muito satisfatório. Fujimoto consegue equilibrar bem a mitologia do mundo que criou com as relações estabelecidas entre os personagens. Grande parte de Chainsaw Man, pelo menos até agora, vira em torno de uma noção de contratos. As relações sociais quase que funcionam como um mercado, e talvez isso realmente não esteja tão distante de nós. Existem os pactos, os contratos entre humanos e demônios, mas também existem os contratos entre humanos e humanos. E todos esses contratos são regidos pela necessidade, pelo desejo e por ambições individualistas.
Toda a questão envolvendo apego, sexo e intimidade em que o Denji está envolvido, gira em torno dessas ambições. O que ele não esperava, era encontrar uma complexidade muito difícil de entender dentro dessas relações. Tanto o desencanto com o "pegar em peitos" quanto com o ato do beijo e do sexo, trouxeram pra ele uma visão diferente. Não basta beijar ou apertar peitos. Essas ações estão conectadas com o sentir. Com o amor. E o Denji não tem muita referência disso, nem mesmo de amizade. Quando a Himeno diz que é amiga dele, existe uma certa virada. Denji está vivendo uma explosão de estímulos que não sabe interpretar. E é aí que a alienação age da forma mais poderosa.
A Himeno é um dos pontos centrais desse volume. É uma personagem muito interessante. Ao mesmo tempo que parece espontânea e calorosa, é também uma figura melancólica. É um pouco dos dois, por isso que ela e o Aki funcionam bem. É uma personagem que possui um desenvolvimento poeticamente trágico.
O final do volume estabelece todo um contexto para que o mangá se aproveite. É bastante emocionante e cria o tom caótico de uma forma quase estrutural aqui. A mitologia se expande, a ação se estabelece e o ritmo é bem construído.