Cast 29/03/2024
"Mas eu quero... salvar aquele garoto!"
Capa: Veja bem, eu acho muito bonito, a composição, as cores, o jogo de luz e pá. Mas dado o conteúdo desse volume, acho que podia ter algo que destacasse mais.
Nota da capa: 8/10
Volume 31 corresponde aos capítulos de 296 ao 306.
E chegamos, finalmente, ao momento que em que eu parei de ler uns anos atrás. Bom, não exatamente no capítulo, porque eu acho que li mais alguns poucos a frente. Mas, na macroescala, essa mudança de arco foi onde eu optei por dar um tempo e deixar o mangá seguir pra depois ler tudo de uma vez, só que demorou uns bons anos pra isso, hehehe. Chega de enrolação, vamos ao volume:
Eu tenho sentimentos conflitantes aqui. Por um lado, na minha expectativa anterior, conforme ia lendo o scan semanal, eu sempre achei que seria uma mangá de longa duração ao longo dos três anos de curso de heróis, acompanhando a jornada dos personagens conforme os anos iam passando e as aventuras em meio a tudo isso. Então, sem eles sequer terem terminado o primeiro ano propriamente dito, já ter uma mudança de paradigma nesse nível, foi algo que sempre me deixou com o nariz um pouco torcido, incluindo agora. MAS, por outro lado, eu acho genuinamente excepcional como a escrita do Horikoshi entende o momento que acabou de passar e as consequências disso SÃO reais. Eles não vão voltar pra escola na semana seguinte e seguir a rotina normalmente. Acabou isso, não tem mais volta (por enquanto). O mal venceu essa rodada, a sociedade colapsou, os heróis estão caindo um por um e o Simbolo da Paz deixou de ter o efeito que tinha, mesmo pós-aposentadoria. E isso tudo é tão interessante e intrigante de acompanhar, eu fico fascinado com toda essa criação de mundo.
Falando do volume em si, temos a levantada do All For One, com a fuga da prisão e invasão em outras prisões. As consequências de todo o caos instaurado e a forma como cada herói está reagindo a isso tudo. Em meio a isso temos mais uma parte, complementando o volume anterior, da trama da família Todoroki, sendo aqui, mais do que em qualquer outro momento, um grande foco da narrativa. Literalmente colocando todos os envolvidos no mesmo quarto e falando a respeito. Eu entendo toda a polêmica a respeito do arco de redenção feito pro Endeavor, me lembro de muitos comentários raivosos sobre essa decisão do autor. Mas, ao ler, eu não consigo de deixar de me sentir empático com esse homem, que em meio a toda o rancor, abuso psicológico e físico, é só um menino com inveja, e acho uma boa sacada do Horikoshi de coloca-lo, aqui, numa posição completamente inferiorizado, aos prantos numa cama de hospital, imóvel e impotente. Finalmente conquistou o título que almejava, mas a custo do que? Eu não acho que a narrativa o isenta ou passa pano pra suas ações, muito pelo contrário. Com exceção de uma cena, eu acho um pouco prepotente e até perigoso o discurso de cada membro da família se culpabilizando de algo: "eu poderia ter feito mais", "eu deveria ter feito aquilo". Eu entendo, dado o contexto, que serve como uma forma de lidar com o problema em conjunto, mas, como narrativa, acho um pouco leviano tentar aliviar o peso da culpa disso tudo: é sim do Endeavor, 100%, ele é a razão, o principal motivador e catalisador disso tudo, e todos os outros problemas indiretos que cada membro enfrentou, como a mãe que tocou água fervente no próprio filho, é consequência direta das ações dele.
Enfim, espero ver mais dessa parte, apesar de ser uma boa evolução dessa sub-trama, não acho que acabou por aqui, principalmente com o Dabi a solta.
Falando do final, a conversa entre os herdeiros. Eu ainda não sou 100% fã desse artifício, mas, a discussão trazida aqui, isso sim. Assim como no volume passado, e eu comentei na resenha passada, é muito bom ver a essência altruísta e empática do Deku. E, nessa conversa, eu gosto muito como ele defende sua visão e é claro na sua motivação. Talvez sim, ele tenha que matar o Shigaraki para impedi-lo, assim como fez o Hawks, mas o que o motiva, mais que tudo, não é por derrotá-lo, e sim por salvar aquela criança que está chorando e implorando por uma mão amiga, somente. E isso rima tanto com a obra como um todo, desde o volume 1. O que é a cena que o Deku tanto assistia quando pequeno? Que inspirou ele a ser herói, que definiu sua idolatria pelo All Might? A cena do herói nº 1 SALVANDO pessoas, não é ele batendo em vilão, sendo descolado, não, é ele salvando aqueles que precisam. Isso é o motor do Deku, desde sempre, e gosto como o Horikoshi sempre deixa isso claro.
Enfim, volume termina com a decisão do Deku de se afastar dos seus amigos pra evitar danos ocasionais, e contar a verdade. Confesso estar um pouco ansioso pra continuar a leitura, sem saber absolutamente nada que me aguardar. Nem lembrava daquele trecho de "estamos reunindo uma equipe internacional para apoio". Me faz ficar mais hypado pelo o que vem a frente. Uma verdade guerra, por assim dizer.
Nota: 9,5/10