Caçando Dragões #12

Caçando Dragões #12




Resenhas - Caçando Dragões #12


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Paulo 22/12/2022

O arco da Vanney se encerra no décimo segundo volume. E é onde ela precisa tomar uma decisão sobre o que ela quer fazer pelo reino e por si mesma. Ao longo de dois capítulos vemos que a personagem é guiada para uma resolução que não é ideia dela. Caso ela tivesse seguido com aquilo, não só ela perderia novamente sua identidade e voltaria a se sentir solitária, como não seria totalmente honesta com os seus próprios sentimentos. Claro que levá-la propositalmente até a névoa foi uma manobra arriscada e poderia ter dado muito errado, mas serviu para o que eles pretendiam. A guerra civil entre os dois lados precisava de uma resolução definitiva para que Alena pudesse seguir em frente. Vannabell só iria representar os erros do passado. Por isso que a solução proposta no mangá era um meio termo. Era apenas algo para evitar que as pessoas se levantassem de novo. A atitude da Vannabell foi de uma austeridade incrível, e só foi possível graças ao tempo que ela passou ao lado dos seus companheiros do Quin Zaza. A personagem conseguiu vencer os seus medos e acertar as contas com um passado que a assombrava. Se ela for retornar ao caça-dragões ou permanecer como rainha, isso não importa de todo porque a personagem já se tornou uma pessoa melhor do que já era. E pode enfim revelar seu verdadeiro potencial.

Disse que iria falar da arte e duas coisas me encantaram nesse volume. Temos algumas cenas de ação que são muito boas e Kuwabara continua a usar pouco a linha cinética. Isso o coloca distante de uma tradição japonesa, mas ele consegue fazer bom uso disso. Mesmo sem esse recurso, seus personagens conseguem realizar manobras que são bem executadas. E outra: não é que ele não usa de todo, apenas reduz a sua incidência na história. Ao fazer isso, potencializa os momentos de ação. Outro bom recurso é a dos quadros que atravessam a página, como se representassem um horizonte infinito. Para cenas em que são mostradas momentos de reflexão ou das naves no espaço, isso dá um efeito lindo de continuidade. A gente chama isso de sangria, quando o quadro transborda. Ou seja, o autor não só conseguiu acertar os ponteiros com o que ele já vinha empregando desde o começo do mangá, mas inseriu elementos novos que permitiram a ele explorar novas possibilidades. Para mim, perfeito. Sou só elogios a essas duas edições.

É uma edição também bastante emocional. Daquelas que novamente vão se concentrar em destacar o que liga esses personagens. Os laços que os fazem confiar uns nos outros. É muito legal ver todo o desenrolar final do que acontece com a Vanney, mas preciso trazer também os outros dois capítulos pequenos onde vemos isso se destacar também. Para esse ponto aqui, vale destacar a amizade entre o Faye e o Soraya que precisam arrumar alguma forma de conseguir dinheiro já que o Quin Zaza está sendo consertado. Na primeira interação dos dois, a história se focou mais no Soraya até por conta do pequeno plot dele com a Takita. Agora, vamos ver mais sobre o Faye que sempre ajudou seu amigo nos momentos de necessidade. Aqui, vemos o quanto uma amizade sincera pode nos tirar de caminhos ruins já que Faye reflete o quanto sua vida poderia ter tomado outro rumo caso ele não tivesse encontrado com o Soraya e o seguido até o Quin Zaza. Conexões podem nos levar tanto para bons ou para maus caminhos, dependendo de quem é e de qual a sua índole. Soraya é um bom homem apesar de ele querer mostrar para as outras pessoas que não é. Quando ele tenta aprender a arte divinatória, seu objetivo não é obter vantagens egoístas, mas ajudar os seus companheiros quando puder. E é a isso que o Faye se refere quando diz que a amizade dele é importante.

Bem, quero a Nenette no Quin Zaza. E ao mesmo tempo não quero. Que personagem fascinante. Alguém que ainda está em busca da sua vibe e do reconhecimento de seus colegas. Nenette foge do padrão ao buscar soluções fora da caixa para os designs que ela deseja para seus projetos. Ela ainda é bastante insegura e erra bastante até por causa de seus próprios exageros. Muitas vezes a solução para um problema pode ser encontrado na simplicidade de uma ideia e não em algo bizarro e grandioso. Hiro a faz pensar justamente nisso. Com uma cabeça fria e reduzindo a escala dos planos, ela pode conseguir chegar a alguma conclusão. Nenette representa a nós mesmos quando chegamos ao ensino superior: queremos apresentar algo grandioso e que choque a sociedade. Queremos ser conhecidos por algo sem igual. Pouco a pouco somos podados para nos concentrarmos em metas realistas. Sonhos incríveis podem ser alcançados, mas precisamos subir uma série de degraus para chegarmos lá.

Para mim, as duas edições foram as melhores da série até aqui. Talvez até porque a Vanney seja uma personagem querida daqueles que acompanham o mangá e cercada de mistérios em sua origem. Só fico preocupado de o mangá querer começar a criar grandes arcos que levam vários volumes para serem resolvidos. Isso não é o estilo do mangá. Acho que ele se potencializa em histórias mais curtas, dividindo a atenção entre vários dos integrantes da nave. Mesmo assim, a história conseguiu atingir o seu ápice e ainda temos o drama da Quin Zaza que precisa ser resolvido de alguma forma. A arte está muito boa, com o autor encontrando o seu ritmo e ajustando os elementos que ele trouxe de novidade para dar harmonia ao que ele pretende fazer. Todas as críticas que fiz em outras resenhas ficaram para trás para que eu seja só elogios agora.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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