Resenhas - The Boy Who Cried Wolf

emmanuel_arankar 14/10/2023

"The Boy Who Cried Wolf" de Mentaiko Itto

"The Boy Who Cried Wolf," do autor de manga bara, Mentaiko Itto, tem conquistado admiradores com sua marcante arte e narrativas cativantes. Este trabalho, lançado como continuação de seu primeiro mangá ocidental, "Priapus" (2015), é uma coletânea de três histórias distintas: "Hamu and The Boy Who Cried Wolf," "Holy Night" e "As Swift as Lightning." Embora contenha menos histórias em comparação ao seu antecessor, cada uma dessas histórias é rica em detalhes e emoções, mergulhando o leitor em um mundo onde os desejos humanos e a busca por conexão são explorados com profundidade.

A característica mais notável do trabalho de Mentaiko Itto é sua arte detalhada e expressiva. Seu talento na ilustração de emoções e na criação de atmosferas imersivas é evidente em cada página. As duas primeiras histórias mantêm o estilo artístico característico de Itto, que é conhecido por suas representações autênticas dos personagens. No entanto, a terceira história, "As Swift as Lightning," apresenta uma abordagem visual ligeiramente diferente, demonstrando a evolução na técnica do autor ao longo de sua carreira.

Além da arte, as narrativas das histórias são uma parte essencial do apelo de "The Boy Who Cried Wolf." Cada história mergulha profundamente nas emoções dos personagens, oferecendo uma exploração crua e, por vezes, visceral dos desejos humanos. No entanto, essas tramas não se limitam apenas ao aspecto erótico; elas também exploram questões mais amplas da experiência humana, como identidade, conexão e significado.

É importante notar que, embora este volume contenha apenas três histórias, a seleção parece ter sido feita com cuidado. A inclusão da história mais antiga, "As Swift as Lightning," com seu estilo visual distinto, permite que os leitores apreciem a evolução artística do autor ao longo do tempo, oferecendo uma visão mais abrangente de seu estilo versátil.

Outro aspecto que se destaca é o tamanho físico do livro. Com painéis maiores do que o padrão dos mangás tradicionais, a obra proporciona uma experiência de leitura visualmente mais imersiva. Isso permite que os leitores apreciem os detalhes minuciosos da arte de Mentaiko Itto, que é fundamental para a narrativa.

A primeira história, "Hamu and The Boy Who Cried Wolf," merece destaque especial devido à profundidade emocional e autenticidade do enredo. A história segue a vida de um adolescente japonês que precisa esconder sua homossexualidade e fingir ser heterossexual. Ao abordar questões de identidade e revelação da orientação sexual, essa história oferece uma representação sensível e realista das lutas enfrentadas por muitos jovens LGBTQ+. A autenticidade e a complexidade desse enredo fazem dele um dos pontos altos do livro.

Além da história principal, as duas outras tramas, "Holy Night" e "As Swift as Lightning," também têm seus próprios méritos. "Holy Night" explora um encontro sensual entre dois jovens que buscam conexão emocional, enquanto "As Swift as Lightning" nos leva a uma narrativa situada na era dos samurais. Embora esta última história apresente um estilo artístico diferente, ela acrescenta uma camada única à coleção e mantém os leitores envolvidos.

A segunda história, "Holy Night" nos leva a uma noite de Natal, onde o personagem Makishima-san enfrenta a solidão da data especial. Mentaiko aborda a temática da solidão e da busca por conexões afetivas em uma época em que a sociedade muitas vezes enfatiza a importância das relações românticas. É um conto que evoca empatia e reflexão.

A terceira e última história "As Swift as Lightning," somos transportados para uma história que mistura elementos misteriosos e eróticos. Um confronto pós-batalha leva a uma reviravolta inesperada quando um personagem é submetido a uma substância misteriosa por seu mestre. Essa história explora a interação de poder, desejo e submissão de uma maneira intrigante.

Em resumo, "The Boy Who Cried Wolf" é uma continuação habilmente elaborada das obras anteriores de Mentaiko Itto. A combinação de sua arte distintiva e narrativa profunda, juntamente com a seleção criteriosa das histórias, oferece aos leitores uma jornada envolvente pelo universo do bara manga. As histórias exploram os anseios humanos por meio de uma lente erótica e emocionalmente rica, proporcionando uma experiência de leitura única e memorável. Para aqueles que buscam uma obra que vá além dos limites do gênero e se aprofunde nas complexidades da experiência humana, "The Boy Who Cried Wolf" é uma leitura recomendada.