Paulo 24/01/2015
7/10
Capitão América O Novo Pacto é uma história particular. Imagine a responsabilidade de escrever o primeiro roteiro de Capitão América pós-11 de setembro. Não é difícil de imaginar que nas mãos de uma equipe menos habilidosa, e se levando em conta a dor de todo cidadão americano, tais histórias pudessem ter caído numa confusão nacionalista, com retórica patriótica e ideologias idiotas e toscas. Pra ilustrar o que quero dizer, há uma sequência de quadros, e isso não é spoiler, em que um muçulmano que mora nos EUA está voltando pra casa pouco depois dos atentados e é encurralado por americanos que acham que ele representa o inimigo. O Capitão América surge nesse momento, protege o garoto de origem árabe, e diz para os americanos: "Guarde sua raiva para o inimigo." Ao deixar o lugar, o muçulmano e os americanos estão apertando as mãos. Pode parecer algo simples, mas esse fato que acontece já nas primeiras páginas do arco já mostra que o roteirista JOhn Rey Rieber não ia deixar que seus sentimentos, por piores que fossem, nublassem a razão. É claro que é
difícil escrever sobre o assunto depois de um atentado covarde como aquele. Os EUA não são inocentes, eles tem muito sangue nas mãos. Mas que nação não o tem? E o que justifica a morte de tantos inocentes? Não há desculpas para o terrorismo. E é engraçado como essa história pode ser tão atual, levando em conta o momento que o mundo passa atualmente, acuado pelo medo do terrorismo feito
extremistas. A história de O Novo Pacto não é nada fora de série, nem nada muito inovador, mas é uma boa história e que se diferencia por não ter medo de
questionar algumas atitudes do governo americano, mesmo que não de forma muito agressiva, o que nem deveria ser cobrado, visto a dor do povo naquele momento. E também por enaltecer a união do povo, e valorizar o que mais temos de valioso: a nossa liberdade. E que ninguém um dia nos tire essa liberdade. Porque por mais que os EUA cometa muitos erros, muitos mesmo, ele ainda luta pela liberdade de seu povo. Afinal, o que você prefere? Um mundo em que a superpotência é uma noção totalitária? No momento, não temos muitas opções. Ah, a arte de John Cassaday é ótima, como vocês já devem conhecer.