Luciano Luíz 26/03/2015
Dia 25 de março de 2015, quarta-feira.
A leitura nos faz viajar. Ter livros é algo que transforma nossa mente. Não importa o estilo ou gênero, desde que nos desperte a seguir em frente nesta jornada por milhões de palavras sem fim...
Mas, a nona arte, a arte sequencial... os quadrinhos, gibis, mangás, comics, graphic novels, fanzines, estórias (histórias) em quadrinhos são algo que fazem parte da formação cultural de qualquer povo que tenha a intenção de encontrar em livros (com ou sem imagens) uma outra forma de sonhar de olhos abertos...
Eu não faço ideia de quantos quadrinhos li em toda a minha vida. Mas foi de tudo um pouco. Lembro que na distante e quase esquecida década de 1980, eu era fissurado em Chico Bento, Cebolinha, Cascão, Homem-aranha, Hulk e claro, Disney. Batman de quando em vez aparecia em minhas mãos, assim como Groo e outros tantos ilustres.
Mas o que eu adorava ler era Tio Patinhas, Zé Carioca e Donald. Teve uma época, e se não me engano, foi em 1989, que a editora Abril transformou a periodicidade da revista do pato com roupa de marinheiro em semanal. Que experiência completamente nova. Toda semana uma nova edição. Antes era quinzenal.
Minhas visitas a banca do seo (Angelo) Ganbim eram quase diárias. Eu não gastava o dinheiro do lanche na escola só pra poder acompanhar as HQs.
Era algo de encher os olhos. Existiam as edições especiais da Disney, com gravação a ouro na capa, papel couchê, ou mesmo volumes com 800 páginas (Anos de Ouro do Zé Carioca) em papel jornal e os detalhes em dourado. O mais bacana dessas edições, eram as estórias antigas ou desenhadas pelos melhores artistas. Visual rebuscado e muito humor que hoje em dia não mais é visto na própria Disney. Pois pegavam pesado em diversos aspectos. E sinceramente, isso era algo fascinante. Pois era humor inteligente, que fazia pensar.
Hoje de manhã eu passando religiosamente em frente a banca, parei e resolvi entrar pra dar uma conferida... Achei o recente lançamento da edição em capa dura, formato grande (um pouco maior que o clássico formatinho), papel couchê e um peso nada agradável...
OS 80 ANOS DO PATO DONALD... A edição é linda. De primeira qualidade. São 482 páginas onde possivelmente nenhuma destas estórias eu já tenha lido naqueles anos que não mais voltam.
Porém, talvez seja cisma da minha parte, mas a edição tem um ponto negativo. As estórias antigas foram totalmente recoloridas. E na minha humilde e sincera opinião, ter simplesmente ignorado o trabalho de cor original é um erro imperdoável. A pintura digital aplicada é a mesma das HQs recentes. Ou seja, fez trabalhos magníficos perderem parte de sua identidade. O traço em si não sofre alteração. Mas aquele colorido simples e que até causava mais impacto que uma pintura digital que é muito, mas muito fraca, faz falta.
O mais próximo que você vai encontrar de clássico, é a ilustração da capa no sentido de pintura... mas de resto... pode esquecer.
Não é algo que atrapalhe a leitura. Em hipótese alguma. Mas para quem leu aquelas edições da Abril antes de resolverem migrar pra pintura digital, sabe do que estou falando...
Quanto a qualidade das estórias, não posso comentar, pois apenas dei uma fuçada rápida. Mas acho que devem ser boas para figurarem neste volume. Assim que eu ler, faço mais um breve comentário.
Espero que seja mais do mesmo. O bom e velho Donald que em verdade nunca envelheceu.
Dia 26 de março de 2015, quinta-feira.
Bom, terminei a leitura. São poucas estórias que de fato compensam. Mas estas poucas fazem o livro valer a aquisição. Algumas são sem sabor. O próprio Donald em uma não tem destaque... Mas, enfim. É uma jornada divertida. Ainda mais para quem há tanto tempo não se aventurava com o pato. Recomendado.
Mas a seleção de estórias poderia ser muito melhor...
L. L. Santos