spoiler visualizarYulee Zin 12/08/2021
Clube da Luta tá diferente, né?
Assisti Suicide Club recentemente então fui conferir o mangá. Percebi que a maioria prefere os quadrinhos ao filme, talvez porque a história seja mais simples e fechadinha. Entretanto, mesmo o segundo sendo uma viagem de ácido total, eu prefiro a forma como a película trabalha a temática do suicídio.
Primeiro que o mangá apenas se aproveita do conceito original, o que não seria um problema se fosse bem executado. No filme, tudo é uma grande metáfora à sociedade japonesa; não existe o tal Clube do Suicídio, fica subentendido que as pessoas se suicidam por conta de diversos fatores, como a internet, mensagens subliminares, pressão social e a falta de empatia (pelo menos foi o que interpretei). Aqui a responsável é uma seita comandada por uma colegial, seita esta que aparentemente se perpetua por conta de alguma entidade que possui uma menina deprimida e que se aproveita das suas fraquezas para fazer lavagem cerebral nela e em todas as outras garotas. Aí entram os problemas: com a liberdade de fazer algo diferente, a HQ se propõe a discutir muitas coisas (como depressão, automutilação, prostituição, bullying etc.), porém nenhuma delas foi aprofundada ou sequer tiveram um desfecho (exceto a própria questão do clube do suicídio, que foi muito óbvia, por sinal). O próprio autor diz no final que queria chamar atenção para problemas que os jovens de hoje passam e que devíamos nos simpatizar com a Saya, mas no final não consegui me apegar a NENHUM personagem (talvez por ser curto?) e as "problemáticas" ficaram meio exageradas, sabe? Tudo bem que existem pessoas negligentes, mas como ninguém percebeu um monte de garotas de várias idades se cortando na sacada de uma escola???
Além disso, o traço é esquisito (de uma maneira não legal), o "mistério" é desinteressante, as cenas de gore não impactam tanto por serem bem amenizadas (ainda assim não recomendaria a pessoas sensíveis a esse tipo de conteúdo) e restam muitas pontas soltas. As perguntas que ficam não são como no filme, que é bem surreal e quase tudo é uma alegoria. Aqui, apesar do plot levemente sobrenatural, a história tenta o tempo todo ser "crua", "palpável". Foi pura falta de desenvolvimento, nada mais.
Pois é, o mangá de Suicide Club foi bem decepcionante. Traz temas importantíssimos, mas não causa nenhuma reflexão, nem sequer é um bom entretenimento, parece que só existe por existir. Talvez eu tenha colocado muitas expectativas por ter gostado do filme, todavia a história não me empolgou nem um pouco, mesmo separando mentalmente as duas versões. Eu até daria 2.5 estrelas, mas seria um desrespeito à obra de Sion Sono.
Nota: 2