L Soares 07/05/2017
Essa resenha é mais sobre mim do que sobre a graphic novel, mas vamos lá. Eu pretendia chegar do trabalho e estudar, mas chegou Arvorada e fui abrir pra ler. Há coisas que preciso dizer antes de seguir a vida. Primeiro, tenho sido injusto com Maurício de Souza. Sempre que me perguntam onde começou meu gosto por ler, eu falo: Harry Potter. Aos 10-11 anos li, esperei minha carta de Hogwarts em vão, mas dali, segui lendo, lendo, e não parei mais. No ensino médio, passei a maior parte do primeiro ano enfiado na biblioteca. Até quando não estava lendo. Éramos expulsos de lá com certa frequência. Aquele foi um ano conturbado. Operei, quase morri. Fiquei meses fora da escola. E eu não lembrava de ter passado tanto tempo lá. De ter ajudado como voluntário na arrumação da biblioteca após um desabamento na sala. Só hoje lembrei com saudade do tempo que passei cercado por aqueles livros. Ainda sobre o que me fez um leitor. Quando volto um pouco mais, falo do livro Arca de Noé, do Vinicius de Moraes. Que minha mãe lia pra nós, eu e meu irmão, quando éramos pequenos, e adorávamos. Mas o crédito maior pela iniciação e amor às letras deveria ser ao Maurício e não tenho dado nenhum. Eram os gibis da turma da Mônica que minha mãe lia para nós na infância. Era neles que ela nos fazia treinar a leitura em casa na alfabetização. E chico bento sempre foi meu personagem favorito. O saudosismo me fez querer essa edição no momento que vi. Mas ler essa história é indescritível. Maurício fez o prefácio explicando o título e falando sobre, e não poderia ter dito nada menos. Uma história tocante. Emocionante de verdade. E linda. A arte é diferente da habitual, mas incrível. Eu recomendo a todos. Esse livro é mais um da lista de um dia lerei pros meus filhos (ou sobrinhos, se não vier a ter os meus pequenos). Agora estou voltando à casa dos meus pais, de onde vim à pouco, pra dar mais um abraço em ambos e na minha irmã. Pedir pra lerem também. E procurar nas caixas de coisas que ficaram quando me mudei, onde está meu autógrafo do Maurício. Tenho que por numa moldura. E passar a prestar-lhe a devida homenagem.