Dhiego Morais 13/07/2020Motivos para lerTalvez não seja novidade a essa altura de que eu sou fã – um pouquinho – de Stephen King. Então, quando soube do lançamento da graphic novel que adapta um dos contos mais aclamados do autor, claro que fiquei bastante interessado. Depois de ter conferido a fantástica união de Darkside Books, Marvel e Stephen King, uma questão voltou a minha cabeça. Sempre me perguntam “por onde começar a ler King”, e só agora me veio uma rota alternativa: por que não por uma HQ?
Sendo assim, achei interessante – ao contrário de uma resenha comum – trazer um artigo mais leve com uns bons motivos para convencer você, queridx leitorx, a ler N. Vem comigo!
1. É Stephen King em quadrinhos!
Sabe aquela fama de que Stephen King é prolixo e de que escreve quase sempre uns tijolinhos? É basicamente verdade. Tirando alguns romances mais curtos como ‘Salem; O Iluminado; Carrie, a Estranha; Joyland e Mr. Mercedes, por exemplo, temos pela frente bons calhamaços como IT, A Dança da Morte e Belas Adormecidas. Então, se você é aquele tipo de pessoa que ainda não criou coragem suficiente para encarar as obras grandinhas do autor, se arrisque por N., e depois encare o livro de contos que é berço desse conto magistral, Ao Cair da Noite. Quer coisa melhor que uma história em quadrinhos atormentadora?
2. É um dos contos mais aclamados do autor!
Se você pedir a um leitor veterano das obras de Stephen King para que ele escolha os seus contos preferidos, muito provavelmente N. estará nessa lista. Inédito até antes de sua publicação em Ao Cair da Noite, antologia que reuniu outras histórias anteriormente veiculadas em outras mídias, o conto galgou um status de hype considerado, sendo promovido conjuntamente pela HQ e por uma série de mobisódios.
3. A história combina o horror psicológico com o sobrenatural
Aqui nós conhecemos a história do paciente N., que relata ao psiquiatra, Dr. John Bonsaint, uma aparente crise de TOC, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, desenvolvido logo depois de ter tido contato com as pedras do círculo de Ackerman’s Field, um lugar remoto e bastante sombrio que encontrou em suas desventuras como fotógrafo amador. Seriam sete pedras ou oito? Número ímpar é bem ruim, mas números pares são poderosos. Convicto de que há um mal inominável preso no círculo, cabe a sua contínua tarefa de contar e organizar em números certos a chave para impedir que aquilo escape. Mas seria tudo isso sobrenatural ou apenas fruto da mente fragmentada de N.?
4. Tem as mãos de Marc Guggenheim e Alex Maleev!
Para os fãs de quadrinhos, esta graphic novel combina os esforços de nomes importantes deste universo. O roteiro é de Marc Guggenheim, conhecido por seus trabalhos com Wolverine e Homem-Aranha, que aceitou a proposta ao ouvir duas palavrinhas mágicas: Stephen King. Do outro lado temos Alex Maleev (Homem-Aranha e Demolidor), que aceitou produzir a adaptação em fotorrealismo, cedendo sua arte singular em troca de “umas boas férias dos super-heróis”.
5. Inspiração clássica!
Embora Stephen King bata insistentemente na tecla de que N. não tenha qualquer relação com o mito lovecraftiano de Cthullu, é bastante difícil não estabelecer essa relação se você já teve algum tipo de contato com os contos de H. P. Lovecraft e com o conto obsessivo-compulsivo de Stephen King. Mas, em respeito ao mestre (e que Cthun não ponha seu olho sobre nós), vamos dizer que King se inspirou no conto de Arthur Machen, The Great God Pan.
6. Medo sorrateiro e contagioso!
A trama de N. é tão bem desenvolvida que a sensação de medo não vem como uma explosão cinematográfica barata, mas é literalmente sorrateira e se enraíza aos poucos no coração e na mente do leitor. O tema que gira em torno do TOC por contagens e organizações é capaz de afetar inclusive quem lê. Lembra que números ímpares são ruins e números pares são bons? Essa frase mesmo tem setenta e oito palavras. Um número muito bom.
7. Versão expandida e final diferente do original!
Algumas pessoas não gostam quando em uma adaptação os produtores mudam trechos ou reduzem passagens da história. Em N., o próprio Stephen King, diretor criativo e produtor executivo da graphic novel aprovou a expansão que o conto teve, inclusive no seu final. A ideia da Marvel era justamente trazer uma experiência nova ao leitor e ao telespectador do mobisodio, ao invés de somente adaptar trecho a trecho, sem muita identidade de Maleev ou Guggenheim. Embora o final aqui não agrade a tantos, eu achei um tiro muito bom e que nos deixa com a mesma “pulga atrás da orelha” com a trama.
8. Sete motivos não são bons, mas oito é o número certo!
E se você curtir conhecer Stephen King por uma história em quadrinhos lembre-se de que há também a antologia Creepshow, que reserva ao leitor histórias horripilantes que vão de dívidas de bolos, a medo de baratas e uma pedra que cai no céu – com mais algumas consequências.
Terminamos por aqui, então. Oitocentas e quarenta e duas palavras. Mais um número bom.
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