Teatro do Pavor

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Resenhas - Teatro do Pavor


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Gárgula 29/11/2019

Teatro do Pavor
As lendas sempre tiveram caráter educativo. Usando e abusando do medo como ferramental de ensino, sempre foi um poderoso educador. Por anos as lendas nacionais passaram por um processo de abrandamento. Sem criticar esse momento, vejo apenas como ele colaborou bastante para que não déssemos o devido valor aos nossos próprios misticismo regionais. Colocando as lendas em histórias infantis criamos uma ideia inferiorizada de nossos mitos e acabamos por abraçar os mitos estrangeiros.

Teatro do Pavor, uma antologia de histórias em quadrinho de horror idealizada por Douglas Freitas e Diego Moreau, fundadores da Skript Editora, vem trazer nova luz sobre essa questão. Utilizando nossas lendas com argumentos adultos elevam novamente o misticismo nacional ao patamar que sempre deveria estar – fonte absoluta de horror – que no meu entendimento nunca deveria ter saído.

A Skript Editora juntou um grupo de treze artistas que trabalharam diferentes lendas com suas artes maravilhosas. Alguns desses artistas já passaram lá no blog do Canto do Gárgula, como Marcel Bartholo, Alice Monstrinho e Amaury Filho, esse último respondendo pelo projeto gráfico, arte da capa e da contracapa. Vale conferir!

Após anos vendo o folclore estrangeiro sendo largamente utilizado em nossas mídias e produtos, percebo um crescente interesse no nosso próprio folclore. Esse interesse passa também por um resgate daqueles medos primevos que auxiliam no restabelecimento da lenda como fonte de terror. Nossas lendas não devem nada às estrangeiras, sendo tão terríveis quanto. Nessa obra encontraremos com lobisomem, Cuca (melhor representação do volume na minha opinião), Boitatá, Unhudo, Matinta Pereira, Alamoa, Iara, Jurupari, bruxa, Capelobo, Curupira e outras que aparecem em imagens. Muitas eu desconhecia por completo.

Os melhores argumentos para mim foram:

Sol de Prata (Marcel Bartholo) – uma terrível fatalidade dentro de uma família do interior.
Banquete (Amaury Filho) – sem dúvida um argumento cheio do mais puro horror!
Fogo (Alice Monstrinho) – uma atenção especial ao badalado tema da conservação natural de nossas matas.
Anhangá (Igum D’Jorge) – um conto para lá insólito
O Monstro (Douglas Freitas) – faz uma reflexão da realidade cruel e os monstros fictícios.
As artes que me chamaram atenção foram:

Sol de Prata (Marcel Bartholo) – seu traço é um dos que mais gosto do mercado atual.
Banquete (Amaury Filho) – sem dúvida a arte mais assustadoramente linda do volume. Essa Cuca é um monstro lindo e assustadoramente terrível.
Anhangá (Igum D’Jorge) – um traço leve que te faz sonhar. Curti bastante.
O Unhudo (Camilo Solano) – uma arte expressiva e de muita identidade que espero ver muito por aí ainda. Curti muito.
O Monstro (Roberth Santos) – um traço cheio de expressão e força, conseguindo mostrar o horror do pior monstro que existe.
Medo Bruxólico (Manu Cunhas) – Um traço simples mas muito expressivo, conseguindo passar muito sentimento.
A noite mais escura da alma (Thamy Adriana) – conseguiu dar identidade ao terror do monstro como poucos no volume. Muito interessante conhecer seu trabalho.
A capa de Amaury Filho é uma homenagem as próprias lendas utilizadas no quadrinho. Uma verdadeira obra de arte não só pelo traço como pelo uso das cores, as quais ele alcança maestria.

Nossas lendas precisam reocupar nossa imaginação e sem dúvida alguma Teatro do Pavor é uma das melhores opções do mercado para lermos sobre lendas. É tão boa que foi indicada ao troféu HQMix na Categoria Mix.

Uma boa dica para uma sexta-feira após o Halloween!

Essa resenha foi publicada no blog Caverna do Caruso, na coluna Sexta-Feira 13, no dia 01/11/2019

site: http://cavernadocaruso.com.br/sexta-feira-13-14-teatro-do-pavor/
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