Luan 17/05/2020
Ficar é melhor que escapar.
Scott Free e Barda passam por grandes conflitos sobre o que fazer após o pedido inusitado de Darkside. Entregar ou não seu filho às mãos do Deus cruel? Será essa a única maneira de acabar com a guerra?
Seu "pai" de criação havia prometido coisas até então inimagináveis em troca da criança. O acordo era simplesmente irrecusável, mas a outra parte envolvida é inegociável na vida de Scott: seu filho Jacó. Senhor Milagre encontrou forças para não mais buscar escapar e desistir de viver por causa de sua amada e primogênito. Como ele poderia se curvar diante de tal pedido? Ao mesmo tempo, como pai celestial e líder de Nova Gêneses, ele tem o DEVER prezar pela vida de seu povo. É sabido que as forças de Apokolips são maiores e, mais cedo ou mais tarde, vão acabar vencendo a guerra. O atormento do escapista diante dessa situação é agoniante. Barda, sua esposa e mãe da criança, entra numa espécie de negação e sequer cogita discutir a troca da criança pela paz do planeta. Então, sucessivas tramas e ações dão ritmo a este gibi após a decisão tomada pelo casal.
É incrível todo caminho percorrido até desfecho. É lindo entender às metáforas sobre depressão, e como King é majestoso na construção dos diálogos, na forma como desenvolveu novas facetas aos envolvidos. As dúvidas e incertezas persistem até fim da história, sendo utilizadas como um elemento e recurso brilhante .
"Darkside é" não são apenas quadros negros contendo a frase por fins estéticos, é a representação dos sentimentos depressivos e ansiosos de Free. Os nove quadros por página, que limitam espaços e cenários, representam todo lado "preso" e inescapável de alguém em depressão que enxerga muito pouco numa perspectiva mais ampla.
A História é tocante. Os recursos narrativos metafóricos são geniais. As Ilustrações são belas e contêm muitas homenagens a vários heróis. Inclusive ao Jack Kirby, criador do personagem? certamente a maior reverência já feita ao mestre das artes sequenciais com o Senhor Milagre, e talvez uma das maiores já feitas na indústria. A dupla Tom King e Mitch Gerads foi sublime. Parceira tão especial quanto a de Barda e Scott.