Lendas do Universo DC: Quarto Mundo - Vol. 1

Lendas do Universo DC: Quarto Mundo - Vol. 1




Resenhas - Lendas do Universo DC: Quarto Mundo


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Maths Redfield 02/07/2023

Interessante acompanhar
Bem bacana essa coleção da Panini trazendo histórias dos Novos Deuses do Quarto Mundo. Muito interessante ver a origem da maioria deles durante as edições.
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Paulo 22/12/2022

Uma das obras mais clássicas entre os fãs de quadrinhos é a saga do Quarto Mundo, de Jack Kirby. Pela ousadia, pelas ideias inovadoras, e por ser o rei. Existe toda uma aura de magia que cerca essa fase, e que levou décadas para ser compilada de forma organizada para os leitores. Diferente da nossa época onde quase tudo na Marvel e na DC culmina em um grande evento, o Quarto Mundo acontecia em revistas mensais e ideias e mais ideias eram entregues a cada edição. Indivíduos como o Darkseid, os Novos Deuses, o tubo de explosão, Apokolips, o Muro e tantas outras coisas foram criadas por uma mente brilhante em um curto espaço de tempo. Chega a ser inconcebível o quanto Kirby foi capaz de criar esse volume de informações. E o detalhe mais incrível disso tudo é que ele era o roteirista e o artista. Nesse primeiro volume Kirby assume quase todas as funções, deixando a arte-final para o Vince Coletta em poucas edições.

Montar uma sinopse vai ser bem complicado aqui então vou comentando um pouco sobre cada edição. A arte é fabulosa e é o Kirby no seu auge. Produzindo como uma máquina vigorosa de criação. Todas as característica de sua arte estão presentes como personagens bastante expressivos e impactantes, designs arrojados, precisão nos detalhes e um emprego de poucos quadros para permitir aos leitores apreciar mais o que acontece no fundo. Pensar que Kirby criou esses conceitos a partir de ideias que ele tinha pensado para a Marvel é de explodir a mente. Quando vemos o visual da Via Fatal ou da Montanha do Julgamento, a gente reflete sobre o quanto ele mescla o seu texto com a imagem. Por ele ser roteirista e artista, isso fornece a ele uma perspectiva única. Até o balonamento é de sua responsabilidade. E o detalhe é que os visuais do Kirby podem parecer estranhos, mas são muito funcionais. Eles se adequam a um conceito pensado por ele e funcionam nos quadros.

O emprego de linhas cinéticas também é uma marca do trabalho do Rei. Não apenas é uma forma elegante de apresentar os movimentos como oferece um ritmo à cena que permite ao leitor entender aquilo que está acontecendo. Além disso, a gente consegue perceber que o autor pensa na composição de quadros a partir de linhas de atuação. Sejam duas ou três linhas de dois quadros cada. Provavelmente essa divisão deve auxiliá-lo a organizar as ideias para compor o roteiro. Mas, claro, a arte do Kirby brilha nas cenas de página inteira ou nas splash pages. É de cair o queixo. E pensar que tem muito artista que, com todos os recursos digitais disponíveis, não chega aos pés da pena dele. E ele produzia sem boa parte das modernidades que tanto facilitam a vida dos artistas. É de se pensar se a tecnologia não acaba se tornando uma muleta.

Preciso ser honesto e dizer que o roteiro não funciona tão bem assim para uma primeira edição. Se o sue objetivo é fisgar novos leitores a partir da criação de novos personagens, essa não é a maneira certa. Somos colocados no meio da ação, com informações e conceitos novos sendo jogados aqui ou ali. É a Via Fatal, a Legião Jovem, a Montanha do Julgamento, os Cabeludo, a Intergangue, Darkseid, os parademônios, Nova Gênesis, o tubo de explosão, a supercidade, a máquina do mal. Caramba!!! Parece aquele meme do cérebro explodindo. Em várias cenas, tive que voltar uma ou duas páginas para entender o que estava acontecendo. Se a minha atenção escapasse por um segundo que fosse, alguma coisa era perdida. Quando a história retorna para a revista do Jimmy Olsen, na sexta revista desta coletânea, consegui me assentar melhor. Sou um daqueles que criticam o excesso de informações em livros e HQs e que reclamava há pouco tempo atrás da verborragia do Marv Wolfman em Novos Titãs. Mas, aqui é o extremo oposto disso. Como disse, aos poucos as informações vão se cristalizando mais e acredito que no próximo volume dessa coleção já não terei o mesmo problema.

A revista do Jimmy Olsen começa com ele indo se encontrar com a Legião Jovem e ele sai em busca de uma reportagem bombástica. O que ele encontra é a locomotiva, um dispositivo super moderno de locomoção que foi construído pela Legião Jovem com o financiamento de Morgan Edge, o novo dono do Planeta Diário. Mas, como vamos ver em seguida, Edge é um membro da Intergangue e quer que a Legião atravesse a Via Fatal. Jimmy fica a par dos planos de Gabby e dos outros e o Superman tenta impedi-los, a contragosto de todos que fazem de tudo para sair da vigilância excessiva do Homem de Aço. A Via Fatal vai se revelar um verdadeiro desafio para todos com seus obstáculos inesperados. Ao chegarem no Habitat, o esconderijo dos Cabeludos, Jimmy e seus amigos irão se deparar com alta tecnologia, espionagem industrial e um plano de dominação global que tem em sua base a criação de clones.

Provavelmente essa é a revista com o maior número de bizarrices por página de todas. É um deleite para qualquer fã de scifi fissurado em teorias da conspiração. Não chega a ser exatamente a introdução ao Quarto Mundo, mas pequenas pistas do que Kirby vai fazer aparecem nas páginas como a Intergangue e a primeira citação a Apokolips. Darkseid também aparece brevemente, mas dá para perceber que Kirby ainda está pensando o visual do grande vilão. Claramente essa é uma revista onde a nova e a velha geração se chocam. Jimmy parece um adolescente rebelde e ao lado da Legião isso chega a outros níveis. Não é que eles sejam antagonistas do Superman ou que o mesmo seja o "vilão", mas ele representa a ideia de um pai que não quer deixar seu filho viver uma grande aventura. Tomar as rédeas de seu destino é algo que Jimmy deseja, até para provar algo para si mesmo. Mais para a frente, o personagem chega a se desculpar com o Superman, mas este finalmente entende em parte as ações de seu amigo. Ele quer a segurança dele, mas isso não pode vir em detrimento de sua capacidade de tomar decisões. Ainda é cedo para dizer o que vai acontecer a seguir porque a história ainda não oferece grandes pistas, mas o que a Legião Jovem acaba por aprontar no laboratório parece ter ido contra os objetivos da intergangue. E isso terá repercussões.

Nessa coletânea temos também a origem do novo Senhor Milagre, Scott Free. Ele acaba se encontrando com o antigo, Thaddeus Brown e seu ajudante Oberon. Thaddeus é um mágico escapista que fez uma aposta perigosa com um criminoso chamado Mão de Aço em um momento difícil de sua vida. Essa é uma simples edição de origem em que o bastão é passado para Scott, que não me parece ser um herói neste momento. Perseguir o Mão de Aço foi apenas uma maneira de se vingar por seu amigo Thaddeus. Scott é alguém que usa estranhos aparelhos em uma maleta e a arte do escapismo o estimula a testar suas habilidades. Não há muito o que dizer da história porque Scott ainda é uma incógnita para nós. Quero ver como Kirby irá encaixá-lo junto de outros personagens de seu arco.

É aí que chegamos às edições mais importantes desta coletânea: Os Novos Deuses e o Povo da Eternidade. Vykin, Moonrider, Serifan e os outros estão atrás de Belos Sonhos que parece ter sido sequestrada e levada para a Terra. Eles apreciam o planeta onde se encontram até que se encontram com o Superman, que havia sido atacado pela intergangue. Estes não queriam que o herói interviesse nos objetivos de Darkseid que passavam pela eliminação do Povo da Eternidade. Todos chegam a um acordo e decidem partir para encontrar a moça até que são atacados pelos graviguardas. Posta sozinha, essa é outra história que não dá para ser compreendida dessa forma. São fatos confusos se sucedendo e o leitor não consegue se encontrar. Isso porque eu nem comentei acerca de toda a mitologia por trás do tubo de explosão e da supercidade (será ela Nova Gênesis?). Enfim, muita coisa no ar e algumas situações acontecendo de forma conveniente demais como o aparecimento súbito do Superman.

Para fechar temos que falar dos Novos Deuses e no meio de tantos novos conceitos, esse parece mais redondinho porque se foca mais no Orion. Conhecemos um indivíduo muito poderoso pertencente a uma linhagem de seres quase divinos que vivem em uma cidade acima da superfície de um planeta. A tecnologia se desenvolveu absurdamente e todos vivem em uma espécie de utopia espacial. O Grande Pai ensina as crianças sobre a importância do universo e as capacidades da Caixa Materna. À sombra de Nova Gênesis está Apokolips, um planeta governado pelas mãos tirânicas de Darkseid. O planeta é como uma imensa forja, voltada para ampliar os poderes de seu líder. Este parece ter direcionado seu olhar para o terceiro planeta do sistema solar, a Terra onde inicia uma invasão silenciosa. As palavras do Muro refletem o que pode acontecer no futuro e revelam que Orion precisa ir até Apokolips e depois ir para a Terra. Já nessa primeira edição percebemos que Orion parece não saber de um grave segredo que envolve sua própria origem. A dupla Orion e Metron é bem legal, com o primeiro sendo impulsivo e o segundo sendo indiferente.

Uma primeira edição que mostra histórias com premissas bastante promissoras. É o suco do melhor que Kirby poderia fazer. Mas, como primeira edição ela peca em vários momentos com um roteiro atropelado e histórias que, sozinhas, não tem sentido algum. Existe uma percepção global de histórias que parecem se conectar com tramas sutis. Só é preciso esperar um pouco mais para entender aonde o autor quer levar seus personagens e ideias e como ele fará para que elas se cruzem em algum momento.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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