Livro de contos em linguagem do fluxo do inconsciente. Ficção
"Que maravilha seu texto, sua linguagem em “quase terna” introspecção sobre as trevas do subconsciente (o poético) que desemboca sobre o inconsagrado profano dos nossos diadiários-humanos segredos e pecados. E o clima (sempre o clima) pesado, sombrio, quase insuportável se impondo sobre a descrição do vazio – que de ora em ora toma conta da narrativa, vira quase memória, não age nem reage com seus blocos de pedra-pontiaguda-palavral –. E retorna pela força poética que supera o sentido de alguma possível fabulação; sem falácia, falo, ou falação. Há aqui um pacto para o não-diálogo. E isso é necessário.
Em “Pai”, por exemplo, a força descritiva se impõe, numa metáfora sobre a morte se esvaindo aos poucos, gotamente, do pai-deus-gerador-de-tudo... e o possível “renascer” da filha em uma outra “vida” que havia sido cortada por ele/ela, em sua vingança dela (por ele): e ambos obrigados a ter que sobreviver (na memória do caos) sob o jugo do passado.
E em tudo quase não há paisagem externa, mas interna. A solidão se impõe sobre a liberdade. Nisso, o espaço se reduz a quartos sombrios, às casas inefáveis com quase cômodos e varandas abertas para o intestino das coisas." Antônio Barreto. Escritor
Contos