A ideia básica de Que Difícil é ser Deus! é igual, embora diferente nos pormenores. Muito influenciados pelo determinismo histórico marxista mas abertos à ideia de que o fluxo da História não é necessariamente linear, Arkadi e Boris Strugatski criam um planeta submerso na Idade das Trevas onde de súbito nascem estruturas de poder semelhantes aos fascismos do século XX, graças a uma Ordem de religiosos guerreiros terrivelmente bem organizada e absolutamente fanática.
Entretanto, Dom Rumata, fruto de uma sociedade comunista utópica, profundamente (quase religiosamente) humanista, é confrontado primeiro com a brutalidade dos modos medievais e mais tarde com a selvajaria nazi, que o repugnam e enraivecem. É do conflito entre as convicções do historiador e o ambiente que o cerca que nasce o interesse deste livro, que acaba por ser um pequeno tratado sobre as limitações do pensamento humanista quando confrontado com situações extremas.