Quem vai cuidar dos nossos pais

Quando a realidade exige que filhos adultos passem a cuidar dos pais idosos a vida se transforma. As novas tarefas assustam - não é fácil abrir espaço em rotinas geralmente tão atribuladas para se dedicar a essa missão. Principalmente quando se trata daquela pessoa a quem sempre consideramos um suporte, nosso ponto de apoio. A inversão de papéis é assustadora. O Brasil, que há pouco se vangloriava de ter uma população jovem, agora é obrigado a admitir exatamente o contrário - que tem muitos velhos. Eles são pouco lembrados e na maioria das vezes seus problemas se restringem ao plano doméstico - cada família que cuide do seu. Mais invisíveis ainda são os brasileiros que assumem o papel de cuidador. Nada se sabe sobre eles - quantos são, como lidam com as dificuldades, de que ajuda precisam? 'Quem vai cuidar de nossos pais' tem como objetivo suprir essa lacuna, para mostrar aos familiares-cuidadores que eles não estão sozinhos, que são muitos e, portanto, têm com quem dividir suas dúvidas e dificuldades. A solidão é um grande fardo que essas pessoas carregam, um fardo a mais na já penosa tarefa de zelar por um idoso dependente, ao qual estão ligadas por sentimentos tão fortes. Nessa área não há a fórmula certa para solucionar os problemas - o que funciona para uma família nem sempre se aplica a outras. Mesmo assim, a troca de informações é a melhor ajuda que um cuidador pode encontrar. As situações que envolvem a velhice dependente sempre surpreendem, por isso é na troca de experiências que o cuidador descobre o que é normal, previsível ou tratável. Isso diminui sua angústia, torna menos pesado seu sentimento de culpa e sua frustração. Com base em depoimentos de cuidadores, este livro relata a experiência de brasileiros de vários estados que têm sob sua responsabilidade um idoso que precisa de ajuda diária, seja por estar doente ou devido ao processo natural de envelhecimento. Analisa as dificuldades em aceitar a morte, como se não fosse um fato previsível.