Benazir Bhutto escreveu este livro ao longo de seus últimos meses de vida, em meio ao tumulto política que vivenciava e sob prisão domiciliar imposta pelo regime ditatorial do general Musharraf. Foram exatos 71 dias de intensa dedicação, desde seu retorno histórico ao Paquistão, após oito anos de exílio, quando foi saudada por três milhões de partidários, até a data em que foi assassinada em um atentado terrorista.
Personagem fundamental para a transição democrática de seu país, ela estava convencida de que o conflito entre democracia e ditadura e entre extremismo e moderalçao eram os dois principais desafios deste novo século. E, se hoje os países muçulmanos são vistos como sinônimo de radicalismo e fanatismo religioso, isso é consequência de interpretações equivocadas do Alcorão, tanto pelo Ocidente, quanto por líderes religiosos decididos a usar a religião de maneira política.
Corajosa e determinada, Benazir Bhutto foi até o fim na luta pelo seu projeto político, finalizando este livro nas primeiras horas do dia de seus morte. Ao lê-lo, nos consolamos por saber que a última lembrança que nos deixou não foi a carnificina sangrenta no local de seu assassinato, mas a força, o otimismo e a visão de uma grande mulher.