Todo o pano de fundo em que decorre a peça é formado por dados que a tradição já registara e que, consequentemente, o público conhece: o nascimento de Édipo, votado a um futuro de parricida incestuoso, o seu abandono pelos pais, a sua adopção pelos reis de Corinto, a descoberta do oráculo sobre o seu destino, a morte acidental do pai, o episódio da esfinge, o casamento com Jocasta, a mãe, e a revelação trágica do duplo crime e da verdade dos oráculos...
Tragédia do conhecimento de si, Rei Édipo é, assim, uma tragédia da condição humana, tal como Sófocles a concebeu, com muito do sentimento do efémero patente na lírica arcaica, onde o homem, embalado pela canção da aparência, caminha, cego, para a sua ruína, pensando ter sido escolhido o rumo exacto, tornando assim todo o orgulho vão, e frágil toda a certeza de si próprio.
Drama / Literatura Estrangeira