Lina DC 05/05/2019Arrebatador!"Eu sei por que o pássaro canta na gaiola" é uma biografia extraordinária da Maya Angelou. Focando nos primeiros anos de sua vida até a adolescência.
Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Marguerite e seu irmão Bailey aos três e quatro anos, respectivamente, mudando-se para Stamps, no Arkansas, para a casa de sua avó paterna, a sra. Annie Henderson. Stamps é uma cidade pequena e os moradores são fiéis calorosos de suas igrejas. A vida com a avó e o tio é simples, mas traz paz e contentamento à jovem Marguerite.
Algum tempo depois, o pai de Marguerite e Bailey retorna à Stamps, para buscar os filhos e levá-los a mãe, onde irão passar um tempo. É lá que a garota irá receber o primeiro de inúmeros golpes: ela é violentada pelo namorado da mãe, o sr. Freeman, com apenas sete anos de idade.
“A mulher negra é agredida nos anos jovens por todas essas forças comuns da natureza ao mesmo tempo em que fica presa no fogo cruzado triplo do preconceito masculino, do ódio branco ideológico e da falta de poder Negro.”
Depois disso, a luz de Marguerite se apaga por um longo tempo e a garotinha entra em uma introspecção profunda, sendo resgatada pelo seu retorno à Stamps e a Sra Bertha Flowers, que a faz mergulhar no fantástico mundo dos livros.
Os anos passam e os acontecimentos na pequena cidade fazem Marguerite e Bailey começarem a questionar a diferente de tratamento por conta da cor de suas peles.
Conforme os anos passam e os irmãos crescem, eles voltam a morar com a mãe, que agora encontra-se casada. Estar em São Francisco é uma lufada de ar fresco, pois a cidade é mais liberal do que eles estão acostumados.
Marguerite narra a dinâmica da mãe com o irmão, onde ela própria menciona existir uma pitada de Complexo de Édipo. Temos também a relação da jovem com o pai, um homem inquieto que parece se divertir com os próprios atritos que traz e tenta demonstrar algo que não é para o mundo, sempre exagerando em suas proezas.
Não tem como ler a história de Maya Angelou e não se emocionar com sua força, sua resiliência e seu espírito poderoso. Uma mulher que trouxe sua infância sem adereços ou enfeites, demonstrando uma parte da triste história mundial.
"Se crescer é doloroso para uma garota negra sulista, ter noção de seu deslocamento é o enferrujado da lâmina que ameaça a garganta. É um insulto desnecessário."