z..... 14/07/2019
A escritora negra já trocou a favela pelo asfalto
A primeira reportagem sobre Carolina de Jesus na revista Manchete.
Relata o sucesso de 'Quarto de Despejo', considerado o best-seller de 1960, características que o tornaram notório (a espontaneidade do registro e biografia da autora, uma negra e favelada semianalfabeta) e críticas de um literato que, em posicionamento conservador e preconceituoso, não considerou literatura a obra de Carolina. Esta já gozava de fama e estava de mudança da favela, onde também enfrentou rejeição.
Alguns trechos:
'Na hora em que saía a mudança, foi vaiada, e até apedrejada, por outros favelados que não gostaram de suas revelações ou estão despeitados com tamanha evidência..." (paralelo ao livro)
'Um crítico paulista... foi o único que se posicionou contra o livro de Carolina. Para ele, o livro de uma semianalfabeta não é literatura, embora válido como documento. A autora ficou indignada. E teve esse rasgo de revide: ... diz que eu só tenho dois anos de escola primária, mas ele é quem devia voltar a aprender, entre outras coisas, solidariedade humana e boa educação...'
O texto também conta como Carolina iniciou a leitura dos livros (e quais foram os primeiros), e as dificuldades na nova vida que levava, em um meio com preconceitos velados ou escancarados.
Registro para enriquecer as pesquisas sobre a biografia.