Revolta e Melancolia

Revolta e Melancolia Michael Löwy


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Revolta e Melancolia (Marxismo e Literatura)


O Romantismo na Contramão da Modernidade




Revolta e melancolia, dos sociólogos Michael Löwy e Robert Sayre, traz uma análise da visão social de mundo romântica. Para eles, mais do que uma corrente artística europeia do começo do século XIX, o romantismo expressa uma visão de mundo complexa que persiste até nossos dias, em toda parte, como resposta ao modo de vida da sociedade capitalista.

Caracterizado pela convicção dolorosa e melancólica de que o presente perdeu certos valores humanos essenciais, esse movimento representa uma modalidade particular de (auto)crítica do mundo moderno, a partir de seu âmago. Com grande repercussão internacional, em especial na França, onde foi originalmente publicado, Revolta e melancolia se tornou o principal ponto de partida para debates sobre a importância do “espírito” do romantismo em nosso tempo.

Considerado um movimento abrangente e atemporal, o romantismo transpôs a literatura e as artes plásticas e se manifestou em diversas áreas da sociedade, como a filosofia e a política. Em sua abordagem, Löwy e Sayre mostram como essa forma de ver o mundo influencia a produção social contemporânea e constitui um questionamento profundo da economia de mercado e da sociedade dominada por ela.

A obra perscruta a relação ambígua entre romantismo e Revolução Francesa e entre romantismo e Revolução Industrial e identifica dimensões românticas no Maio de 1968; na crítica à cultura de massa; nos movimentos sociais atuais; em correntes políticas e intelectuais; e também nas obras de autores os mais diversos, de diferentes momentos e lugares, de Schelling a Tönnies, de Burke a Weber, de Dickens a Thomas Mann, de Balzac a Tolstói, de Victor Hugo a José Martí, de Bakunin a Rosa Luxemburgo, Marx e Engels.

Ao longo de sete capítulos, Löwy e Sayre abordam mais de dois séculos da cultura ocidental para analisar o romantismo como principal expressão cultural da revolução – contra o sistema, o excesso de materialismo, a dominação burocrática – e da melancolia. A partir dessa proposta ousada e inovadora, o romantismo revela toda a sua força crítica e lucidez diante das ideologias do progresso.

Em uma sociedade baseada na padronização e nas relações mercantilizadas, o romantismo representa a revolta da subjetividade e da afetividade reprimidas, canalizadas e deformadas. “O capitalismo suscita indivíduos independentes para cumprir funções socioeconômicas; mas quando esses indivíduos se transformam em individualidades subjetivas, explorando e desenvolvendo seu mundo interior, seus sentimentos particulares, entram em contradição com um universo baseado na estandardização. E quando reivindicam o livre trâmite de sua faculdade de imaginação, esbarram na extrema platitude mercantil do mundo”, escrevem os sociólogos.

Ao valorizar, ao mesmo tempo, a comunidade e a individualidade; o passado pré-capitalista e um futuro que retome os valores sufocados pela modernidade, o romantismo revela seus paradoxos, mas também a possibilidade de pensar a construção de um novo tipo de sociedade. Assim, a autocrítica romântica corresponde a um “salto qualitativo” no desenvolvimento histórico das sociedades, o aparecimento de uma nova ordem em contraste nítido com tudo o que a precedeu. Nos termos dos autores, “a utopia ou será romântica ou não será”.

Ensaios / Filosofia / História / Sociologia

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on 19/2/23


O livro "Revolta e Melancolia: O Romantismo na contramão da Modernidade" de Michael Löwy é uma análise crítica do movimento literário e artístico conhecido como Romantismo. O autor argumenta que o Romantismo foi uma forma de reação contra a modernidade e sua racionalidade instrumental, buscando resgatar valores humanos que estavam sendo perdidos na sociedade industrial e capitalista. O livro está dividido em cinco partes. A primeira parte, intitulada "Os Fundamentos Filosóficos do R... leia mais

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Cioran E.
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