Este livro possui uma importância singular para o entendimento da arte urbana soteropolitana das três últimas décadas. A relevância se explica por apresentar uma abordagem abrangente e incluir, além de grafiteiros, pixadores entre os artistas selecionados neste recorte. Grafitti e pixação são práticas irmãs, advindas das mesmas derivas e do desejo de intervir e deixar uma marca nos muros das grandes cidades. Se hoje os murais de grafitti são considerados obras de arte e ocupam espaços em galerias, foram os pixadores que vieram antes e ladrilharam esse caminho, possibilitando que esse tipo de expressão artística existisse.
O livro buscou retratar a experiência de artistas soteropolitanos nas ruas da cidade. São relatos que narram sobre seus cotidianos, suas andanças, pinturas coletivas, abordagens policiais e outras situações. Por meio dessas narrativas, é possível compreender o modo como esses artistas interagem entre si e com o espaço público.
A arte de rua, especialmente quando desautorizada, é muito efêmera; não se sabe quanto tempo vai durar em um muro da cidade. Quem faz pixação e grafitti tem noção dessa efemeridade. Apagada a arte, ficam as histórias contadas por quem as viveu e os registros das obras, em fotos e vídeos. São essas narrativas em primeira pessoa que se entrelaçam, para contar sobre o cenário da arte urbana em Salvador dos anos 1990 a 2020.
Artes / Fotografia / Sociologia