Em "SAGA LUSA", Adriana Calcanhotto relata com muito humor e ironia as peripécias por que passou durante a turnê portuguesa do disco Maré, em maio e junho de 2008. Após um vôo Rio-Lisboa sem dormir, entrevistas na aterrissagem, um show em que falta luz e é irresistível continuar cantando, e um desastroso coquetel de remédios para combater uma gripe fortíssima, Adriana tem um surto psicótico induzido por medicamentos que a obriga a cancelar, por vários dias, os compromissos de sua turnê. Convalecendo em um quarto de hotel, ainda sem conseguir dormir, dividida entre médicos, remédios, exames, e o temor de ignorar quando tudo aquilo passaria, ela começa a escrever compulsivamente. Adriana busca afastar o medo - e reencontrar o equilíbrio e a lucidez - narrando sua saga, rindo de si mesma no laptop, revirando a língua portuguesa do avesso, divertindo-se com canções e livros que insistem em invadir sua escrita. Na Saga Lusa de Adriana, em meio a tantos sustos e surpresas, apenas uma certeza: a de que "A alegria é a prova dos nove(s)".
"Voltei do segundo show pálida, trêmula, mas mantendo a pose no meu deslumbrante robe azul. Subi no elevador com uns africanos que se entreolhavam, tentando localizar de que tribo são as senhoras que andam de robe de veludo e havaianas, com uma braçada de flores na mão e olheiras que as fazem parecer um urso panda disfarçado de cantora - vestida e com a maquiagem borrada pela ex-mulher do Gerald Thomas. Eu tremia de frio, mas sorri, claro, pros africanos. Tomei um banho quentíssimo, durante longos minutos porque, pra mim, esta é a melhor hora dos shows e porque precisava me aquecer e não conseguia. Um urso panda certamente não se enganaria, mas eu, até então, não tinha me dado conta de que estava ardendo em febre e que um banho pelando não ajudaria muito, sabe que o QI das cantoras..." Trecho do livro Saga Lusa
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