Parecia ser outra segunda-feira normal. E foi. Mas outro fato violento maculou a calçada da Paulista. Na rua, o mesmo grupo de universitários passava com vagar, recordações da aula cansativa e do professor autoritário. Dois executivos sorriam de orelha a orelha pelo acordo financeiro de milhões a mais para a multinacional, grana obesa para a luxúria pessoal. Uma senhora, forrada de cirurgias plásticas, equilibrava-se sobre agulhas longas no sapato apertado e de cor berrante. Após rápido serviço, uma universitária sai do hotel de luxo no qual atendeu um fazendeiro goiano. Insone e confuso, um sobrevivente septuagenário fuma um cigarro longo de filtro amarelo, esticado por uma piteira de museu. (Sangue na Paulista).
O Salão Oval mexe com Obama. Em momentos de solidão, tarde da noite, ele imagina os pormenores envolvendo Bill Clinton e a estagiária gorducha, o charuto comprido e obeso. O tempo passa, ele ri e desiste de pensar a respeito. Encosta a porta e procura Michelle e as crianças. (Terror em Washington)
Arrepiei-me todo e confesso que fiquei apavorado. De súbito, uma aranha negra gigante apareceu para zombar-me, e quase vi seu riso dantesco dirigido à minha cara trêmula. Peguei o martelo e esmaguei o aracnídeo com ódio e fervor assassino. (Sótão Assombrado)
Se os trechos acima lhe instigaram a curiosidade, sinta-se convidado a ler Sangue na Paulista. São 33 histórias curtas envolvendo humor, suspense, surrealismo, cotidiano e crônicas
Literatura Brasileira