Houve um homem de vida venerável, assim começa o Livro II dos Diálogos, do Papa São Gregório, que trata exclusivamente desse homem venerável que foi São Bento. No entanto podemos nos perguntar se essa fama de milagreiro e exorcista faz jus à intenção de São Gregório ao escrever a vida de tão grande Santo.
O conjunto de fatos narrados neste livro nos alerta para a redescoberta de uma dimensão da nossa existência que se perdeu e que salta aos olhos na vida de Bento: o trabalhar sobre si mesmo, a ascese, a vigilância.
É nesse sentido que Bento de Núrsia continua transmitindo às gerações cristãs o seu modo de viver o Evangelho, a sua conversatio de oração e trabalho, de lectio divina e meditação. A imagem do Pai amoroso e cheio de piedade, de mestre severo e exigente que emerge da Regra escrita por ele, deve necessariamente ser completada por aquela onde ele aparece como o monge que vive consigo mesmo sob o olhar de Deus.