A obra dá por conhecida a doutrina de são Francisco de Sales sobre o Amor, exposta sobretudo no seu famoso Tratado do Amor Divino, em que analisa o amor de Deus por nós e nossa correspondência de amor ao Amor. Surpreende, entretanto, o fato de que quase não se faça, nessa obra maior, menção ao amor do próximo, quando se sabe a importância que a amizade desempenhou na vida de Francisco de Sales.
Baseado numa passagem do décimo livro, em que o santo acena para uma outra obra a ser composta sobre o amor do próximo, o autor deduz que esse aspecto, fundamental na vida de Francisco, deve ser posto em relevo. Como não dispomos da obra por ele projetada, resta-nos estudar, com base, sobretudo, na sua ampla correspondência, a importância que dava à amizade.
O livro se compõe do estudo das relações de amizade, mais ou menos íntimas de Francisco de Sales com cinco pessoas, dois homens e três mulheres. Os homens foram duas grandes personalidades da época, seu amigo fiel, Antônio Favre, e um grande adversário reformado, com quem nunca se encontrou pessoalmente, Teodoro de Bèze. As mulheres, sua íntima colaboradora, com quem compartilhava toda sua vida interior, Joana de Chantal, e duas leigas da sociedade, Maria Brûlart e Angélica Arnauld, bastante conhecidas.
Escrita com rigor histórico de quem trabalha com fontes primárias, mas com muita sensibilidade, a obra constitui um primoroso testemunho do significado profundo da amizade na vida cristã e pastoral.
Biografia, Autobiografia, Memórias / Religião e Espiritualidade