Dominar é impor.
Sem importunar.
É perceber o que me dá prazer, sem restrições.
É também às vezes arrancar aquilo que dá prazer a ambos.
É por alguns momentos ter a sensação de ser único, de ser adorado.
É se divertir com os extremos e seus efeitos: calor, frio, lento, rápido. Afeto, indiferença. Carinho, porrada. Sem perder nenhuma peça, desarticular o quebra-cabeças.
Qual a imagem que se forma então?
Cúmplices, deixamos de ser criminosos. Roubamos de volta nosso prazer mais perverso, infantil, primitivo. Alcançamos uma expressão pessoal mas também política, na sua forma mais horizontal: gozamos alegremente sobre os conselhos da tia, da namorada, da revista, do padre.
Registrir é também poder libertar. Atingir é também poder tocar. Humilhar é poder elevar. A dor e o prazer podem falar a mesma lingua, para bons entendedores.
Dominar é poder. Sem vítimas.