De repente, as palavras codificadas no papel ganham um fôlego que atormenta quem as lê... Especialmente porque, por vir de uma escritora que cotidianamente se mostra pacata, doce e quase monossilábica, estas mesmas palavras arrebatam, violentamente, quem a elas lança o olhar. Tais palavras, que passeiam das estrelas ao ódio, são aquelas que Sayuri lança no papel de forma tão intensa e verdadeira, que me faz pensar em Nietzsche, quando ele diz que só admira o que for escrito com sangue. Por outro lado, esta faceta dionisíaca da autora faz pensar que, observando bem o seu olhar, ainda que oriental e vivo, é assim também: violento, penetrante, verdadeiro e sagaz. O que seriam então estas gotas de palavras? Uma chamada à reflexão sobre o efêmero e o eterno, entre o "doce e atroz", entre o dizer e o silenciar. Salva pela arte, a poesia desses poemas (redundância?) entranha no intelecto e nas sensações, fazendo com que leitores tornem-se autores e poetas ao mesmo tempo... ou, simplesmente, reconheçam-se como "humanos, demasiado humanos". Vida longa às palavras cortantes e silenciosas que a poesia projeta! Vida longa à Sayuri, por emprestar-se a essa tarefa! Vida longa à arte a por não se deixar dominar, delimitar, mas por ser aquilo que é: livre por essência!