“A ousadia literária, quando urdida com gênio, é sinônimo de grande literatura. É o que o leitor vai encontrar nesta narrativa. Com destacada originalidade, Márwio Câmara logra compor uma ficção que navega no conceito de prosa poética e trafega por entre os obstáculos do fazer literário com engenho e arte dignos dos mestres experientes. A metáfora periferia x centro já indica as vielas e becos a serem trilhados. A arquitetura de Solidão e outras companhias faz da obra, apesar das aparências de contos independentes, um conjunto único. Um narrador conduz o texto e as narrativas se entrelaçam num corpo inteiro lógico e mágico. Esse narrador questiona, exige o desvelamento e a nudez do leitor ao se despir ele próprio, marcando assim a sua superioridade. Mas o engenho de Márwio consiste no desaparecimento “elocutório” do sujeito narrante. A distância entre as palavras e as coisas retira o protagonismo do narrador. A linguagem literária sobrevive para melhor cantar a sua necessidade de morrer.”
GODOFREDO DE OLIVEIRA NETO
Contos