Stela e outros poemas de amor

Stela e outros poemas de amor Marina Rabelo


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Stela e outros poemas de amor





MARINA E SEUS POEMAS DE AMOR

Li de um fôlego só este Stela e outros poemas de amor. Encontro entre avó e neta através do tempo, quando a idade já não tem importância, como atesta Marina em um dos poemas: Éramos duas mulheres, meninas, anciãs. A uma menina observadora e quieta correspondia também uma avó quieta, ambas sábias, ambas artistas: Stela gostava de escrever / Stela gostava de pintar / Stela sempre foi arte/ Demorei a perceber / Que eu tenho muito de Stela / Dentro de mim. E é por meio da memória, que a tudo resgata sem permitir cópia, mas sempre em um processo de recriação, que Stela se torna matéria-prima para a poesia de Marina.
Ana Cristina de Revende Chiara, doutora em Letras, no artigo "Leitura e Memória" (Caderno de Leitura 1, Proler) nos diz que "A um movimento da alma, esta ou aquela imagem se oferece a consciência e, apesar de ter ficado lá por tanto tempo oculta, agora ressurge com inusitado frescor e novidade [...)” Assim Stela não é somente retrato num álbum de família, mas a pessoa que ainda faz doces maravilhosos, adora palavras-cruzadas desafiadoras e só usa vestidos, enquanto sua irmã Zezé se exibe em calças compridas. As mulheres da familia se encontram vivas nos traços e hábitos umas das outras, atravessando as paredes invisíveis do tempo e se fazendo matéria outra vez, com nova luz, por meio da poesia.
Poesia que chama, clama, declara-se, sente mágoa, acende fogos. Stela desejava um amor para a neta: Talvez fosse muito importante um noivo, / um casamento do eu te amo para sempre. Mas a memória, no capítulo que sucede Stela, é agora a do corpo, de uma identidade (autoconhecimento) que se move para a realização de um encontro de sentidos: sentir- prazer, ardor; sentir- afeto, afagos. Há na segunda parte (e terceira), que corresponde a "e outros poemas de amor", vívido diálogo com muitas poetas potiguares que também deixam fluir o erotismo como sinônimo de liberdade e coerência, confissões de um mundo interior tão rico que não teme ser pele, sede e satisfação. Mas tomo de Lisbeth Lima de Oliveira o seguinte verso, do poema "Matéria-prima": De carne, o sentimento. Porque é assim que vejo a poesia de Marina Rabelo, revelando-se em um conjunto de poemas nos quais o prazer físico se alia ao gosto, parte das vezes amargo, de ter alguém que quando me olha nos olhos / procura derrubar meus medos / e desvendar meus mistérios. Para nossa compreensão da carne que é sentimento, mais estes versos: o que eu quiser com você / amor / amor / palavra derruída / pulsa ainda forte dentro: / eu quero fazer amor com você.
A avó Stela nunca me conheceu poeta, declara Marina. Mas nós sim, e aqui podemos vê-la Com a poesia à flor da pele / com as palavras o gozo e o silêncio. E com este livro para ler de um fôlego só.

Anchella Monte - autora de A Trama da Aranha, Temas Roubados, Pesos & Penas, Entre Tempos e Haicais Imperfeitos (poesia).

Literatura Brasileira / Poemas, poesias

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on 14/9/23


Eu pisquei e li esse livro inteiro de uma vez só. Que doçura, que sentimentos. A poesia sempre desbloqueia minhas vivências e abre minhas gavetas trancadas em 7 chaves. O quanto nossa terra possui escritores talentosos não está escrito, deveriam ser mais reconhecidos! A poesia de Marina é (sur)real e intensa.... leia mais

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afonso
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afonso
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