Um dos ficcionistas mais brilhantes da literatura brasileira contemporânea, Caio Fernando Abreu deixou um universo grandioso de contos, novelas e romances, além de sua essencial correspondência com outras mentes artísticas. Com a mesma paixão que imprimiu a toda a sua obra, trabalhou também o texto teatral, diretamente para o palco, que reverenciava: assistia a todas as peças, conhecia bem a classe teatral, estudava e explorava as possibilidades daquele meio.
A dedicação de Caio pelo teatro o transformou em mais que mero aficionado: tornou-se um homem de teatro – e, inclusive, um bom ator, conforme lembram colegas, como o diretor Luís Artur Nunes, responsável por esta edição junto ao ator Marcos Breda. “Este livro é filho de uma peça de teatro. Nasceu do processo de produção de O homem e a mancha, último texto teatral de Caio, escrito exatos dois anos antes de seu falecimento”, explica Breda na apresentação do livro. Nesta edição, as oito peças aparecem na ordem cronológica de suas estreias e acompanhadas de suas respectivas fichas técnicas e de fotos das montagens.
Nas peças, encontramos um autor cosmopolita, abertamente hilário ao mesclar profano e sagrado em diálogos que poderiam se passar numa festa de fim-de-mundo, lírico ao manipular os limites entre acontecimentos cotidianos e o puro sonho lisérgico que permeia toda a sua obra. Agora, doze anos após a estreia de O Homem e a Mancha no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, o teatro de Caio Fernando Abreu ganha uma publicação esmerada, minuciosa, cuidadosa. Longa vida ao teatro (agora sim, completo) de Caio Fernando Abreu.
Artes / Literatura Brasileira