Jorge Luiz Calife ascendeu ao mapa da ficção científica mundial em 1985 com o agradecimento de Arthur C. Clarke às suas sugestões para a continuação de 2001: Uma Odisséia no Espaço, tornadas concretas com o romance 2010: Uma Odisséia no Espaço II: “Agradeço ao Sr. Jorge Luiz Calife, do Rio de Janeiro, por uma carta que me fez pensar seriamente numa possível continuação [de 2001: Uma Odisséia no Espaço].”
Isso abriu as portas também para que ele fosse publicado no Brasil com os três romances da trilogia “Padrões de Contato”, composta de Padrões de Contato, Horizonte de Eventos e Linha Terminal, relançados pela Devir em um único volume em 2009. A mesma série de narrativas ambientadas no que Calife chamou de “Universo da Tríade” foi ampliada em 2011 com o romance Angela entre dois Mundos, cronologicamente anterior à trilogia. Além disso, na década de 1980 Calife passou a aparecer em revista de circulação nacional, como Playboy, Manchete, EleEla e Isaac Asimov Magazine, fazendo muito pela promoção da ideia de que a ficção científica escrita por brasileiros era uma realidade. Sua carreira é uma das mais longas e prolíficas dentro da nossa ficção científica.
Trilhas do Tempo é o segundo livro de contos de Calife – o primeiro publicado pela Devir, que com ele reúne pela primeira vez os contos impressos naquelas revistas nos anos oitenta, com destaque para histórias que combinam com sensibilidade, erotismo e ficção científica. O livro traz ainda uma narrativa inédita – a novela “A Estrela e o Golfinho”–, que faz a ponte entre Angela entre dois Mundos e a Trilogia Padrões de Contato. Também pela primeira vez, Trilhas do Tempo inclui uma cronologia detalhando os principais fatos e narrativas do Universo da Tríade.
Completando esta edição histórica da Devir, a introdução de Clinton Davisson, o atual presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, faz um apanhado da carreira de Jorge Luiz Calife e relata como foi crescer em uma época em que Calife era o representante número 1 da ficção científica brasileira, com um impacto único da cultura popular do país.