Escrito por Lima Barreto em 1911, Triste fim de Policarpo Quaresma é uma brilhante sátira aos ideias positivistas e nacionalistas que nortearam a Primeira Republica brasileira. Passada nas vésperas da Revolta da Armada, durante o governo de Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, a historia narra as desventuras de Policarpo Quaresma, personagem que encarna melhor que qualquer outro em nossa literatura o credo ufanista e suas desilusões.
Policarpo, funcionário do Arsenal da Guerra chamado pelos amigos de Major Quaresma, enxerga nas qualidades do Brasil um futuro brilhante. Para ele, as terras do país são as mais férteis do mundo, os costumes indígenas são os mais apropriados para expressar os sentimentos do povo, a ordem e progresso (palavras positivistas assumidas como lema na bandeira brasileira) são os mais belos ideais. Internado em um hospício por ter enviado uma carta ao governo defendendo a instituição do tupi como língua nacional, nem assim Policarpo desiste de servir à pátria.
Após um período em que se dedica a provar que as terras férteis brasileiras podem realmente dar de tudo, o tragicômico personagem volta ao Rio de Janeiro para defender o governo durante a Revolta da Armada. Diante da realidade da guerra, suas ilusões vão por terra e ele próprio sucumbe, vitima das injustiças que subsistem à aparente democracia do Brasil na época.
Nos desenhos de Edgar Vasques, roteirizados por Flavio Braga, este clássico da literatura brasileira ganha nova vida, demonstrando a atualidade da visão ácida de Lima Barreto sobre os descaminhos do projeto brasileiro de nação.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance