Ulpiana começa com a opção por morrer por parte de uma mulher, e, a seguir, várias histórias vão se entrelaçando, à medida que a sobrinha tenta decifrar o enigma da morte da tia. O título, Ulpiana, se refere a uma antiga necrópole em ruínas, situada nos Balcãs, na planície do Kosovo. O local misterioso situa cenas do livro e perpassa toda a narrativa, que se desenrola de forma não linear em torno da vida de várias mulheres, unindo fragmentos de memórias e tramas, envolvendo enganos, desenganos e perdas.
“Ulpiana foi escrito porque sempre achei perturbadora a atitude das pessoas diante da morte. Sobretudo, se essa morte se deve a um ato voluntário por parte de alguém. Nesse último caso, os viventes que ficam buscam alguma coisa que atenue o espanto, a dor da perda, a sensação de culpa. E seguem repetindo os pequenos rituais do dia a dia, enquanto têm de enfrentar as lembranças e o fato de que a vida inevitavelmente se acaba, às vezes de forma brusca e inesperada”, explica a autora.
Bernadette revela uma visão sobre a morte, sem julgamentos e sem sentimentalismos, que são comuns ao tema. E faz isso, de forma poética, com uma prosa leve e sedutora que vai enredando os leitores ao longo das muitas histórias.
Ficção / Literatura Brasileira