Um campo vasto

Um campo vasto Günter Grass


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Um campo vasto





É um dezembro gelado, e o Muro está caindo. Dois velhos aproximam-se da Potsdamer Platz.Um é alto e magro, caminha a passos largos, usa bengala e um cachecol com pontas que tremulam ao vento; o outro, baixo e gorducho, carrega uma carteira cheia de ddocumentos. Eles atravessam a fronteira recém-aberta e dobram à direita, na direção do Portão de Brandemburgo. Suas lembranças remontam a um passado que é tão presente e atual quanto a vida cotidiana.

A Alemanha, entre a queda do Muro e a Unificação, quando os últimos barulhos da festa mal disfarçam a inevitável ressaca, é cenário, tema e até mesmo personagem do novo romance de Günter Grass.

Nele, o autor de O tambor retrata a história alemã em suas contradições, sua dualidade, desde a revolução de março de 1848 até os dias de hoje. Grass apresenta um país que, tal como a Berlim dividida, é separado ora por arame farpado, ora por ideologias cheias de virtudes teóricas e inconsistência prática.

Nascido em Danzig em 1927, Günter Grass começou a se dedicar à literatura depois de estudar desenho e escultura. Sua obra inclui poemas e, principalmente, romances, entre eles A ratazana, Anos de Cão, O linguado, Maus presságios e O tambor, considerado uma das obras-primas da literatura européia do século 20. Escritor engajado, porta-voz da geração de alemães que sobreviveram à guerra, Grass é um autor polêmico, várias vezes indicado para o prêmio Nobel, e que provoca acaloradas discussões a cada nova obra.

Sucesso em toda a Europa, um campo vasto foi tema de debate e alvo de violentos ataques na Alemanha. Enquanto a maior parte da população do país encara a reunificação como uma espécie de redenção da nação alemã depois da humilhação da guerra, Grass é uma das poucas vozes destoantes. Para ele, a unificação não foi nada mais do que uma campanha de sucateamento, durante a qual os empresários do lado ocidental enriqueceram a metade oriental, pobre e indefesa. A visão crítica de Grass, que não poupou a Treuhand, órgão governamental responsável pela venda das empresas estatais da antiga Alemanha Oriental, nem o chanceler Helmut Kohl, provocou uma onda de indignação no país. Apesar disso tudo, o livro encabeçou a lista dos mais vendidos na Alemanha, e, quase dez anos depois da queda do Muro de Berlim, os conflitos políticos e a crise econômica mostram o alto preço que a população alemã está pagando pelo projeto de uma "Alemanha moderna".

Ficção / Literatura Estrangeira / Romance

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