Aline Aimée retorna à poesia com uma voz potente, sensível e madura. Uma Reserva de Sutilezas desvela as infinitas possibilidades do dentro, ora voltando-se para o eu do corpo, ora expandindo o eu e o corpo, sem a pretensão de apontar caminhos ou mesmo de questionar as não saídas. É a pura experiência do sentir, ato de ousadia em tempos pandêmicos, período que marca a sua escrita: “o sol na janela/ nunca foi tão atraente/ e os vizinhos, tão barulhentos [...]”.
Com poemas curtos, não pequenos, essenciais (que não deixam arestas a aparar), Aline exalta o não dito: “estendo a mão à palavra [...] sou toda ouvidos/ ao que ela não diz”. E nos oferece o que se espera de uma autora que não se limita a contemplar o mundo, mas que se permite ser afetada por ele: “se a estrutura ameaça ruir/ às vezes a queda/ é o melhor/ contrapeso.”
Bruna Mitrano
Poemas, poesias