Dir-se-á que Utopia 14 é uma obra plena de simbolismos - a começar pelo local de ação, a mítica Ilium, a cidade fábrica que tomou o seu nome da velha Troia. Dir-se-á que a sua ação - na primeira parte - é lenta. Mas não é lenta, no dia a dia, até ao dia em que as humilhações, os desapontamentos, o desespero, se extravasam de tanto ferver? Nunca uma obra - em qualquer gênero literário - deu ao homem uma imagem tão profunda e tão consciente da vacuidade do momento que vive - dos momentos que viverá, se persistir no caminho atual. Obra amarga e dura, como amargo e duro poderá ser o futuros de todos nós. Quando o homem, depois de escravizado pela economia, passar a ser desprezado por ela, por ineficiente. Quando o homem perguntar a si mesmo a razão da sua existência e o interesse da sua sobrevivência. Não daqui a mil anos, mas talvez dez ou vinte.