Na Viagem a Itália Goethe orienta-se por três princípios que fundamentam a sua estratégia de percepção e, depois, narrativa: a abertura dos sentidos (do olhar em especial), a distância integradora (daí o hábito de subir às torres) e o diálogo com as coisas (particularmente da natureza, o que explica o lugar dominante da observação de fenômenos geológicos, meteorológicos, mineralógicos e botânicos). O seu método é comparativo e genético, ou analógico e organicista. A enorme diversidade de imagens, objectos, experiências, converge numa síntese última a que corresponde sempre um princípio universal, orgânico-metamórfico. Por um lado, o presente é a grande via de acesso e o ponto de chegada para toda a reflexão sobre a arte, a história e a natureza. Procura-se compreender e explicar o presente de um lugar como a Itália à luz do seu passado, que nunca é mera coisa morta, mas sempre trazido até uma contemporaneidade que o sentido pragmático de Goethe nunca sacrifica, antes alarga, integra e enriquece.