"Viagens na Minha Terra" conta a história de uma jornada entre Lisboa e Santarém, no ano de 1832. Almeida Garrett mistura, com rara felicidade, fatos reais com devaneios maravilhosos ao conduzir o leitor por paisagens e sentimentos que se tornam bem familiares. Para muitos críticos, o ponto alto é o romance entre Carlos e Joaninha, a menina dos rouxinóis, mas vale mergulhar fundo e soltar a imaginação em cada uma das histórias e tramas deste surpreendente livro. |...| "Viagens na Minha Terra" é um livro da autoria de Almeida Garrett; obra na qual se misturam o estilo digressivo da viagem real (que o autor fez de Lisboa a Santarém) e a narração novelesca em torno de Carlos, Frei Dinis e Joaninha.
O livro "Viagens na Minha Terra", publicado em volume em 1846, é o ponto de arranque da moderna prosa literária portuguesa: pela mistura de estilos e de gêneros, pelo cruzamento de uma linguagem ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática, ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante do narrador, Garrett libertou o discurso da pesada tradição clássica, antecipando o melhor que a este nível havia de realizar Eça de Queirós.
Mas a obra vale também pela análise da situação política e social do país e pela simbologia que Frei Dinis e Carlos representam: no primeiro é visível o que ainda restava de positivo e negativo do Portugal velho, absolutista; o segundo representa, até certo ponto, o espírito renovador e liberal. No entanto, o fracasso de Carlos é em grande parte o fracasso do país que acabava de sair da guerra civil entre miguelistas e liberais e que dava os primeiros passos duma vivência social e política em moldes modernos.
Literatura Estrangeira / Romance