Nascido na Vila da Lousã, Distrito de Coimbra, Portugal, Montenegro inovou usando exclusivamente mão de obra livre e assalariada na sua fazenda, no tempo em que o trabalho escravo e o sistema de parceria eram predominantes nas relações de trabalho no Brasil. Chamado pela autora de um empreendedor antiescravagista no tempo do Império.
Corria o ano de 1867, quando em 6 de fevereiro o imigrante português João Elisário de Carvalho Montenegro trouxe 29 pessoas de sua terra natal para fundar a Colônia Nova Louzã, nas proximidades de Espírito Santo do Pinhal-SP.
Homem de ampla visão, com ideias democráticas e humanistas muito avançadas para a época, fez da abolição da escravatura, da imigração e do trabalho livre e assalariado, suas principais bandeiras de luta. Apesar da resistência de alguns, sua experiência iria influenciar outros fazendeiros, contribuindo para o fim do regime escravocrata no Brasil e a vinda de mais de 3 milhões de imigrantes para São Paulo, principalmente para trabalhar na cafeicultura.
Montenegro foi pioneiro também em outras iniciativas: lançou o movimento para que a ferrovia chegasse à região de Espírito Santo do Pinhal, cuja construção facilitou e barateou o custo de transporte do café, de mercadorias, além de pessoas e ideias. Em sua terra natal, o Comendador Montenegro participou da fundação do Hospital de São João, do Instituto D. Luís I e da primeira biblioteca pública. No Brasil, colaborou com grande soma de dinheiro para a construção do primeiro prédio da Beneficência Portuguesa de São Paulo, além do Hospital Francisco Rosas, da Santa Casa de Misericórdia de Pinhal.