VILLA AIR-BEL, 1940

VILLA AIR-BEL, 1940 Rosemary Sullivan


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VILLA AIR-BEL, 1940


O refúgio da intelectualidade europeia durante a Segunda Guerra Mundial




Uma das muitas histórias de heroísmo que permanecem pouco conhecidas 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial é a dos que ajudaram a nata da intelectualidade européia da época a fugir da Europa para os países norte-americanos. O trabalho de um grupo de americanos, liderados pelo jornalista Varian Fry, que salvou as vidas de alguns dos mais notáveis pensadores da época, como o surrealista André Breton e o pintor Marc Chagall, é lembrado em Villa Air-Bel, 1940. No livro, a escritora canadense Rosemary Sullivan faz uma minuciosa reconstituição do período de em que alguns desses refugiados ilustres ficaram hospedados, com suas famílias, em um casarão nos arredores da cidade francesa de Marselha, à espera do momento mais apropriado para deixarem a Europa.



Cerca de duas mil pessoas conseguiram deixar a Europa, escapando da perseguição nazista, graças aos esforços de Varian Fry, que representava uma organização humanitária norte-americana, Comitê de Resgate de Emergência. Sem qualquer experiência militar ou no campo da espionagem, Fry alugou a Villa Air-Bel para abrigar alguns dos refugiados, entre eles Breton e o pintor Max Ernst, enquanto rapidamente montava uma rede clandestina de colaboradores, que incluía desde cônsules estrangeiros, dispostos a fornecer passaportes falsos, a guias que conduziam os refugiados a pé pelas montanhas dos Pirineus. Ernst, Breton e Marc Chagall – que não morou na Villa Air Bel, mas da qual era freqüentador assíduo – foram alguns dos que receberam documentos falsos para sair da França.



A situação dos notórios opositores do regime nazista preocupava europeus que já estavam vivendo nos Estados Unidos. O escritor Thomas Mann elaborou a lista inicial de 200 personalidades a serem retiradas da Europa pelo Comitê de Resgate de Emergência – incluindo na relação seu irmão, o escritor Henrich Mann. Com a invasão da França pelos nazistas, o país havia sido dividido – o norte e a costa do Atlântico sob a ocupação das tropas alemãs, enquanto as regiões sul e sudeste passaram a ter um governo aliado à Alemanha. Apesar do risco de deportação na chamada França Livre, cerca de quatro milhões de pessoas correram para o sul do país. Milhares se dirigiram para Marselha, o último porto francês livre, onde Fry chegou em agosto de 1940.



Baseada em relatos biográficos dos que viveram na Villa Air-Bel, Rosemary Sullivan retrata o ambiente irreverente e provocador que os artistas criaram na propriedade, apesar da tensão e do constante temor das inspeções policiais. A determinação de Varian Fry, concentrado em sua missão, contrastava com o comportamento libertário e exuberante dos artistas, que organizavam festas, mesmo lamentando deixar tudo o que haviam acumulado em vida para trás. A vida afetiva dos casais também é descrita por Rosemary, que entrevistou pessoalmente a artista plástica Leonora Carrington, uma das poucas moradoras da Villa que ainda está viva. Leonora, que era companheira de Max Ernst, foi uma das que teve o relacionamento desfeito durante a época em que morava em Marselha, quando o pintor se apaixonou pela milionária americana Peggy Guggenheim, que também ajudava financeiramente o grupo, desfeito quando Varian Fry foi deportado para os Estados Unidos, em setembro de 1941. Graças a seus esforços, conseguiram escapar dos nazistas nomes como o prêmio Nobel de Química Otto Meyerhoff, os pintores Marcel Duchamp e Wilfredo Lam, o escultor Jacques Lipschitz, os escritores Heinrich Mann, Victor Serge e Lion Feuchtwanger, o poeta Franz Werfel e sua esposa Alma Mahler, o arquiteto Walter Gropius, entre outros.

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