Violent Cases foi publicada em 1987 e representa o próximo passo na revolução que transformou os quadrinhos nos anos 80. O leque de possibilidades estava aberto. Uma indicação de que não havia mais padrão e de que não havia mais limites para que os quadrinhos adentrassem em outros gêneros narrativos.
McKean retrata Gaiman como o narrador da história, um homem de trinta e poucos anos que relembra um episódio de sua infância. Quando criança, residindo na cidade inglesa de Portsmouth, foi levado pelo pai a um osteopata. O médico conta ao garoto histórias fantásticas sobre seu antigo empregador, ninguém menos que o mafioso Al Capone. Nubladas pelas lembranças imperfeitas do jovem narrador, realidade e fantasia se misturam, servindo de pano de fundo para um estudo sobre a natureza da memória.
Como muitos dos trabalhos conjuntos da dupla, Violent Cases é uma história sobre histórias. É uma oportunidade única de conferir o primeiro trabalho de Gaiman - sua narrativa é conduzida de forma tão brilhante que o leitor termina a história com muito mais suposições e incertezas do que quando começou a leitura. McKean usa sua arte surreal e impressionista, aliada a belos tons de cinza, azul e sépia, que conferem às ilustrações de Violent Cases um aspecto quase onírico.
Duas décadas atrás, Violent Cases foi lançada no Reino Unido, pela Titan Books. De lá para cá, ganhou vários prêmios, como o conceituado prêmio Eagle em 1988, na categoria Melhor Graphic Novel. Tanto a obra quanto Gaiman receberam também indicações ao prêmio Harvey. Foi reimpressa várias vezes e publicada em outros países além da Inglaterra, mas permanecia inédita aqui.