Ao se olhar no espelho, Ana Maria não via o sorriso sábio da mãe, nem o semblante sereno do pai. No reflexo, a menina via a cabeleira avermelhada que não lhe pertencia e, sim, à irmã ao seu lado. Nela, via uma flor incandescente ao sol. Via as roupas idênticas a realçar os contrastes intensos, os cinco anos e o brilho inalcançável que as separava. Ao se olhar, a caçula não se via. E foi assim que ela guiou os seus passos, movida pela ânsia de ser notada e de se tornar uma mulher tão radiante quanto Augusta. Porém, para conquistar a vida que tanto sonhou, ela se deparou com cenas que jamais poderia desver.
Romance